Aquelas pessoas que fazem like nos seus próprios posts

É uma pandemia nas redes sociais: aquelas pessoas que fazem like nos seus próprios posts. Gostávamos de poder ajudá-las, mas ainda não há botões para isso, Zuckerberg

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Este é um assunto que preferimos fingir que nunca existiu, mas uma pesquisa no Google, um frasco de água benta e um dente de alho podem ajudar-nos a avivar a memória sem deixar sequelas permanentes: houve um tempo em que foi moda entre o público feminino usar saias por cima de um par de calças. A ideia era basicamente semelhante ao uso de óculos graduados e lentes de contacto ao mesmo tempo, mas o destino e as pessoas de bom gosto juntaram esforços para que esta repetição desnecessária se tivesse ficado apenas pela roupa.

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Este é um assunto que preferimos fingir que nunca existiu, mas uma pesquisa no Google, um frasco de água benta e um dente de alho podem ajudar-nos a avivar a memória sem deixar sequelas permanentes: houve um tempo em que foi moda entre o público feminino usar saias por cima de um par de calças. A ideia era basicamente semelhante ao uso de óculos graduados e lentes de contacto ao mesmo tempo, mas o destino e as pessoas de bom gosto juntaram esforços para que esta repetição desnecessária se tivesse ficado apenas pela roupa.

Até hoje. Quem usa o Facebook (com ou sem o Google+, por baixo ou por cima) sabe bem do que estamos a falar: daquelas pessoas que fazem likes nos seus próprios posts. Pior: daquelas pessoas cujos únicos likes nos seus posts são os seus próprios likes. Estamos confrontados com uma pandemia nas redes sociais. Todos conhecemos pessoas nestas condições e sofremos juntamente com elas, em silêncio. Gostávamos de poder ajudá-las, mas ainda não há botões para isso, Zuckerberg.

Dizer que gostamos de uma música que todos ficam a saber que é do nosso agrado a partir do momento em que a colocamos no nosso mural, é uma espécie de repetição gráfica dos jogadores de futebol que falam deles próprios na terceira pessoa. "O Alexandre Martins gosta desta música e agora resta ao Alexandre Martins fazer um like na música de que ele mesmo gosta para merecer a confiança dos seus amigos." A única coisa que merecem ter dos vossos amigos é compaixão e acesso à vossa password, para que um deles carregue no botão Não Gosto sempre que vos apanharem a cair nessa tentação.

Uma das ideias do Facebook é precisamente partilhar coisas e esperar que alguém goste delas. "Alguém" no sentido de "outra pessoa que não a que partilha". Quando precisamos de dizer no Facebook que gostamos daquilo que gostamos, se calhar está na altura de apostar no Google+. Ou até no Twitter, que tem menos espaço para fazer asneiras. Não, no Hi5 não. O Hi5 é ainda mais degradante do que ligar a uns amigos e combinar um café numa esplanada com vista para o mar, banhada por uma conversa sobre os feitos da adolescência e dos planos que temos para voltarmos a ser crianças outra vez. Se não gostam de amigos que gostam do que gostam - ou se não têm mais nada que fazer, o que eventualmente poderá significar a mesma coisa -, passem pela página do Facebook “I hate people who like their own posts” ou vejam o vídeo de Conan O’Brien (basta desviar um pouco o olhar para o lado esquerdo do ecrã... isso, aí mesmo). E façam like em ambos.

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