Em 1937, nas vésperas de a Europa entrar de novo em guerra, o escritor polaco Witold Gombrowicz (1904-1969) faz publicar o seu primeiro romance, “Ferdydurke” (que algumas décadas depois Kundera considerará um dos três ou quatro romances mais importantes escritos após a morte de Proust). A crítica polaca de então repara nele, mas não se entusiasma. Aquele texto é um ataque frontal às formas literárias em uso, aos académicos instalados, aos críticos, e uma diatribe às ideias sociais, culturais e pedagógicas da época: “As tias da cultura, aquelas incalculáveis um-quarto-autoras e melgas semi-críticas literárias que proferem os seus julgamentos literários em magazines. Pois a cultura do mundo foi sequestrada por um bando de xexés, engajadas na literatura como melgas, convencidas de que conhecem a fundo as virtudes do espírito” (p. 14).
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Em 1937, nas vésperas de a Europa entrar de novo em guerra, o escritor polaco Witold Gombrowicz (1904-1969) faz publicar o seu primeiro romance, “Ferdydurke” (que algumas décadas depois Kundera considerará um dos três ou quatro romances mais importantes escritos após a morte de Proust). A crítica polaca de então repara nele, mas não se entusiasma. Aquele texto é um ataque frontal às formas literárias em uso, aos académicos instalados, aos críticos, e uma diatribe às ideias sociais, culturais e pedagógicas da época: “As tias da cultura, aquelas incalculáveis um-quarto-autoras e melgas semi-críticas literárias que proferem os seus julgamentos literários em magazines. Pois a cultura do mundo foi sequestrada por um bando de xexés, engajadas na literatura como melgas, convencidas de que conhecem a fundo as virtudes do espírito” (p. 14).