A autocracia de operar a moda com o iPhone 4
Manifesto de intenções: DIY, Misfits, punk e jóias
Gosto muito de dizer que sou do campo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Gosto muito de dizer que sou do campo.
(Acho de elevadíssima importância a criação e manutenção de um mito, seja ele qual for. No meu caso, é importante sublinhar a questão do mito, para que nunca se descubra a verdade; acredito no fabrico próprio de conteúdos e realidades como ponto simultâneo de partida e chegada de toda e qualquer narrativa.)
Só que o meu campo foi e é diferente e ofereceu-me possibilidades que reconheço únicas na formação, quer do meu carácter, quer da forma como decidi ver o mundo. No meu campo, por exemplo, sempre tive uma vastíssima biblioteca e pelo menos um computador ligado à internet. Esse computador, mais o cartão Visa da minha mãe, ajudaram-me a construir uma pequena colecção de discos e livros peculiares para a minha idade, "back then".
Consolidei rapidamente amores que ainda perduram e que são hoje responsáveis por tudo aquilo que acabo de explicar. E, desde que a internet se assumiu como o paraíso dos conteúdos rápidos e pouco (fide)dignos, sou mais feliz: todos os dias posso compôr uma ode à passividade e contemplar o que o mundo tem de pior sem ter de sair de casa.
Misfits, punk e jóias
Gosto da cena DIY e das possibilidades que o alargamento desse conceito trouxe ao mundo mundial, pelo que me provi, desde tenra idade, de todos os mecanismos necessários para a manutenção de uma cena minha.
Opero o mundo com o meu iPhone 4 e as suas aplicações. As minhas preferidas são as que convertem fotografias numa meta-realidade analógica e as que dão para organizar o "closet" e verificar, no mesmíssimo acto da compra supérflua, se estamos, ou não, a adquirir duplicados, e por aí adiante.
Depois há ainda as aplicações de todas as marcas das quais só se compram os vernizes: óptimas! Podes babar a ver as colecções, até que te entusiasmas ao ponto em que já tudo é razoável e decides mesmo comprar qualquer coisa. É nessa altura (depois de terminado o "tour" pela "app") que vais ao "store locator" e descobres que o teu Visa estará sempre a salvo.
Gostava ainda de dizer: Misfits, punk (em geral), travestis, artistas latinos e livros. Discos, "assim-assim". Eliminar tudo até que reste apenas o essencial. Ah! E adoro jóias - verdadeiras! Pechisbeques prefiro não ter! (Quero o Panthère da Cartier desde os dez anos.)
Aos 17 anos tinha bíblias e pilares indestrutíveis no meu campo de visão. E tinha gostos díspares incompreensíveis, que hoje são passíveis de catalogar se pensarmos em pós-modernidade e pangeia.
No campo sobra sempre demasiado tempo para pensar.