Os Tugas também sabem placar All Blacks
O P3 falou com dois dos três portugueses que jogaram râguebi na Nova Zelândia. Já não temos medo da “haka”
É bem possível que quem acompanhou a selecção nacional de râguebi no Campeonato do Mundo de 2007 tenha ficado com "pele de galinha". Em específico no jogo frente à Nova Zelândia. Em primeiro lugar, porque ouvir "A Portuguesa" cantada a plenos pulmões faz arrepiar e, em segundo, porque ver os Lobos levarem com a "haka" dos All Blacks mete medo.
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É bem possível que quem acompanhou a selecção nacional de râguebi no Campeonato do Mundo de 2007 tenha ficado com "pele de galinha". Em específico no jogo frente à Nova Zelândia. Em primeiro lugar, porque ouvir "A Portuguesa" cantada a plenos pulmões faz arrepiar e, em segundo, porque ver os Lobos levarem com a "haka" dos All Blacks mete medo.
Mas, passados quatro anos, parece que o temor esfriou. Isto porque, de Fevereiro a Setembro, Vasco Fragoso Mendes, Francisco Vieira de Almeida e Nuno Penha e Costa aventuraram-se no râguebi neozelandês. Os três portugueses seguiram mesmo o ditado "se não podes vencê-los, junta-te a eles", porque até a "haka" fizeram.
Vasco e Francisco, 18 e 19 anos, viajaram para a ilha sul e instalaram-se em Christchurch, no St. Bede’s College, onde alinharam na equipa sub-19 da faculdade. Nuno Penha e Costa, 24 anos, rumou à ilha norte, para a zona de Bay of Plenty, a duas/ três horas de Auckland.
Na Nova Zelândia, Nuno actuou no Tauranga Sports, uma equipa amadora, à semelhança daquela em que habitualmente joga, o Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL). Contudo, o amadorismo dos “maoris” não é o mesmo dos portugueses.
Respirar râguebi 24 horas por dia
"Lá, todos jogam como tu ou são melhores do que tu", afirma Nuno. No caso de Francisco, aquilo que encontrou no outro lado do mundo "não tinha nada a ver com o que estava habituado em Portugal", onde joga no Belenenses.
"Eles, lá, vêem râguebi todos os dias, estão inseridos naquele mundo desde pequeninos”, explica Francisco. O próprio St. Bede’s College, onde ficou através de uma bolsa de estudo, é um dos estabelecimentos de ensino com maior tradição na modalidade. "Muitos All Blacks passaram por esse tipo de escolas".
Nuno Penha e Costa teve mesmo possibilidade de treinar com alguns deles. "Na altura não estavam em grande forma, mas são de um nível completamente diferente", refere.
Se Francisco tinha uma bolsa para estar na Nova Zelândia, Nuno não. “Era tudo pago por mim e pelo meu pai. De vez em quando fazia uns trabalhinhos para ter um dinheiro extra, como treinar miúdos em escolas. Mas o que fazia mais era carregar e descarregar contentores. Oito horas disso. A minha sorte é que assim poupava no ginásio.”
Nuno gostou tanto da experiência que vai voltar para o ano, e nos mesmos moldes, ao país dos "moais". Já Francisco tenciona ficar por Portugal, "por causa dos estudos".