Perito diz que quadro considerado falso é de Leonardo Da Vinci
Martin Kemp, professor emérito da Universidade de Oxford e historiador de Arte, descobriu um livro do século XV do qual acredita ter sido removida uma página com um retrato que defende ter sido pintado por Leonardo Da Vinci. O perito de arte garantiu nesta quarta-feira que “La Bella Principessa” – o nome que atribuiu à pintura que se julgava da autoria de um pintor alemão desconhecido do século XIX – é uma obra-prima de Leonardo Da Vinci.
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Martin Kemp, professor emérito da Universidade de Oxford e historiador de Arte, descobriu um livro do século XV do qual acredita ter sido removida uma página com um retrato que defende ter sido pintado por Leonardo Da Vinci. O perito de arte garantiu nesta quarta-feira que “La Bella Principessa” – o nome que atribuiu à pintura que se julgava da autoria de um pintor alemão desconhecido do século XIX – é uma obra-prima de Leonardo Da Vinci.
O livro em questão é nada mais, nada menos do que um volume de hinos de louvor a Ludovico Sforza, duque de Milão durante os últimos anos do século XV e patrão Leonardo de Da Vinci, a quem encomendou, por exemplo, “A Última Ceia”.
No exemplar encontrado em Varsóvia, Polónia, havia uma página em falta. Kemp chegou à conclusão que os três furos encontrados na margem esquerda do quadro - que se julgava um "falso" ou um pastiche de Leonardo Da Vinci - davam a entender que aquele retrato tinha estado incluído num livro. O especialista defende que "foi removida uma página numa data desconhecida do livro de Varsóvia" e que o retrato pintado sobre um papel produzido com pele de mamífero corresponde "em todos os aspectos às características físicas das páginas [restantes]” do manual.
O professor da Universidade de Oxford, versado na obra de Leonardo Da Vinci, já desconfiava que a obra vendida como peça do século XIX sob o título “Cabeça de uma Jovem Rapariga de Perfil para a Esquerda", num leilão da Christie’s, em Nova Iorque, em 1998, não era uma falsificação de um Leonardo Da Vinci.
Para divulgar uma teoria que foi construindo paulatinamente, co-escreveu com Pascal Cotte La Bella Principessa: A História da Nova Obra-Prima de Leonardo da Vinci, livro publicado em 2010. Esta edição surge na sequência do anúncio por Peter Paul Biro, um perito forense em arte do Canadá, de que uma impressão digital encontrada num canto do quadro correspondia a uma ponta do dedo indicador "muito parecida" com a descoberta em "São Jerónimo", uma pintura de Leonardo Da Vinci.
Cotte e Kemp começaram por identificar a adolescente retratada na pintura, afirmando que se trata de Bianca Sforza, filha de Ludovico Sforza e da amante, Bernardina de Corradis.“Podemos agora estar seguros quanto ao facto de a imagem retratar Bianca, na celebração do seu casamento [em 1496] e que Leonardo foi o artista [que a pintou]”, asseverou Kemp nesta quarta-feira, segundo a BBC.
Os autores defendem ainda que existem um paralelismo “significativo” de estilo entre este quadro e “Retrato de uma Mulher de Perfil", um quadro do artista italiano patente no Castelo de Windsor. Avançam ainda que o desenho foi composto por um artista esquerdino, à imagem de Leonardo da Vinci.
“A [tese da] autoria do retrato por Leonardo é sustentada de forma vigorosa. [Esta] é agora uma das obras de Leonardo sobre a qual sabemos mais em termos de patrocínio, sujeito, data, localização original, função e técnica inovadora”, adianta o perito.
Os detractores da teoria de Kemp argumentam que Leonardo Da Vinci nunca pintou sobre aquele tipo de papel e que a obra em causa não faz jus ao estilo do artista italiano.
À BBC, um porta-voz da National Gallery – que entre 9 Novembro a 5 de Fevereiro vai acolher a exposição “Leonard da Vinci: Painter at the Court of Milan” – afirma não existir “um consenso" acerca da autoria do quadro e, portanto, este não estará patente na galeria londrina.
A exposição vai reunir o mais vasto número de pinturas da carreira de Leonardo da Vinci realizadas durante a sua estadia em Milão, entre as quais “São Jerónimo”, um empréstimo do Vaticano, “Dama com Arminho”, vinda da cidade polaca de Cracóvia, e “A Virgem dos Rochedos”, pertence do Museu do Louvre.