Fenprof alerta que mais cortes podem levar escolas à ruptura
Em conferência de imprensa, no Porto, Mário Nogueira disse que o sector da Educação não deve sofrer cortes orçamentais, à semelhança do sector da Administração Interna.
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Em conferência de imprensa, no Porto, Mário Nogueira disse que o sector da Educação não deve sofrer cortes orçamentais, à semelhança do sector da Administração Interna.
“Agora que o Orçamento do Estado está em fase de elaboração, apelamos a que haja a consciência de que cortar na Educação, e de uma forma por vezes cega como se está a prever, pode ter consequências que podem ser ao nível de ruptura do funcionamento de escolas”, afirmou.
Referindo que as escolas, no seu conjunto, contam com menos 10 mil professores do que no ano passado, Mário Nogueira adiantou que o apelo do ministro da Educação, Nuno Crato, a que se faça mais com menos, pode levar ao aparecimento de “situações insuportáveis”.
“O ministro pode dizer que se tem que fazer mais com menos, mas um homem da matemática sabe com certeza que seis são quatro mais dois e não quatro menos dois. Portanto, se o homem da matemática diz que se tem que fazer mais com menos é porque está a fazer uma conta que não é possível fazer”, concluiu.
Mário Nogueira, que hoje de manhã se reuniu com as associações de directores/dirigentes escolares, salientou que “também os cortes através das autarquias são muito preocupantes”, porque é agora que “os pais e as famílias necessitavam de um reforço da Acção Social”.
Manuel Pereira, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), afirmou que “o mínimo para as escolas funcionarem está neste momento garantido”, mas que “há o receio” de que mais cortes daqui para a frente ponham em causa o funcionamento das escolas.
“Neste momento podem e estão a funcionar, mas não há condições para podermos sobreviver com mais cortes”, frisou o responsável.
Para a ANDE, além de perdas “na capacidade de intervenção”, também o corte nos recursos humanos é preocupante.
“Economicamente e socialmente as famílias estão a passar por muitas dificuldades e enquanto directores de escola temos a necessidade de garantir a equidade”, disse, salientando que, “tendo menos recursos humanos e financeiros, há menos condições para colaborar na diluição dessas diferenças”.
Adalmiro Fonseca, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), afirmou que as escolas já têm as contas feitas para este ano lectivo e que já “manifestam as suas preocupações pelo que poderá suceder”.
“Sabendo nós que devemos dar o nosso contributo neste momento difícil, é preciso salvaguardar o mínimo essencial para que a escola pública tenha capacidade de desenvolver o seu papel educativo”, defendeu.