OMS lista Portugal como um dos 80 países que não cumprem qualidade do ar

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A OMS diz que 1,1 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas se as normas tivessem sido respeitadas Jianan Yu/Reuters

Em 2008, ano dos dados apresentados no relatório, Portugal registou uma média anual de 28 microgramas por metro cúbico de PM10 (partículas em suspensão com diâmetro menor do que dez milésimos de milímetro); o valor de referência é de 20 microgramas por metro cúbico. Apenas onze países cumpriram este valor, nomeadamente a Estónia, Butão, Canadá e Finlândia. Espanha registou 29 microgramas por metro cúbico de PM10.

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Em 2008, ano dos dados apresentados no relatório, Portugal registou uma média anual de 28 microgramas por metro cúbico de PM10 (partículas em suspensão com diâmetro menor do que dez milésimos de milímetro); o valor de referência é de 20 microgramas por metro cúbico. Apenas onze países cumpriram este valor, nomeadamente a Estónia, Butão, Canadá e Finlândia. Espanha registou 29 microgramas por metro cúbico de PM10.

Se descermos ao nível das cidades, nenhuma das cinco autarquias portuguesas referidas cumpriu os limites aconselhados pela OMS. Lisboa registou 30 microgramas por metro cúbico e a seguir surge Braga (28), Funchal (27), Maia (26) e Matosinhos (23).

Em relação a outras partículas mais pequenas, as PM2,5 (partículas em suspensão com diâmetro menor do que dois milésimos de milímetro e meio), a lista da OMS lista apenas 37 países. Portugal registou uma média anual de 10,8 microgramas por metro cúbico, quando a OMS aconselha a que não se ultrapasse os 10. Apenas seis países não chegam a essa valor de referência, como o Canadá, Austrália, Noruega e Finlândia.

As cidades portuguesas referidas para este poluente são Lisboa (com 11,9 microgramas por metro cúbico), Funchal (9) e Maia (7,8).

Quando em excesso, estes poluentes - emitidos por exemplo pela queima da madeira, consumo de derivados do petróleo e tráfego automóvel - são prejudiciais à saúde, especialmente ao sistema respiratório.

Segundo a OMS, todos os anos morrem mais de dois milhões de pessoas por causa de doenças relacionadas com a poluição do ar. “As partículas PM10 podem penetrar nos pulmões e chegar à corrente sanguínea, causando cancro no pulmão, asma e infecções agudas nas vias respiratórias”, escreve a OMS em comunicado. A organização salienta que 1,1 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas se as normas tivessem sido respeitadas.

Entre os casos mais graves está a Mongólia, que registou uma média anual de PM10 de 279 microgramas por metro cúbico, em 2008, e o Botswana 216 microgramas por metro cúbico, em 2005. A cidade de Ahwaz, no Irão, foi a aquela que registou o valor médio anual mais elevado (372 microgramas por metro cúbico), em 2009.

“Se gerirmos de forma adequada o meio poderemos reduzir consideravelmente o número de pessoas com doenças respiratórias e cardíacas ou com cancro no pulmão”, comentou María Neira, directora de Saúde Pública e Ambiente na OMS. “Em todo o mundo, o ar nas cidades chega a registar uma alta densidade de gases do escape dos automóveis, fumo de fábricas e fuligem das centrais eléctricas que queimam carvão”, alertou ainda.