Num campo de golfe, tratar a relva é uma ciência
Operador de manutenção em campo de golfe é uma das profissões definidas como estratégicas na próxima década
José Manuel Costa tem uma “profissão de futuro”. É operador de manutenção em campo de golfe, umas das 129 profissões que, segundo um recente estudo do IEFP, Agência Nacional para a Qualificação e gabinete de planeamento do Ministério da Economia, tem mais perspectivas de empregabilidade na próxima década.
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José Manuel Costa tem uma “profissão de futuro”. É operador de manutenção em campo de golfe, umas das 129 profissões que, segundo um recente estudo do IEFP, Agência Nacional para a Qualificação e gabinete de planeamento do Ministério da Economia, tem mais perspectivas de empregabilidade na próxima década.
No campo de golfe da Quinta do Fojo, em Vila Nova de Gaia, o jovem de 28 anos lança um sorriso irónico e uma pergunta de quem não acredita na previsão: “Com esta crise?”.
O técnico não esquece que tem, no Norte do país, um negócio típico de terras do Sul e não deixa de admitir que “acima de Lisboa o golfe dificilmente é rentável”. Ainda assim, não fosse a crise imobiliária que se instalou no país, o cenário podia ser diferente: “Há uma série de projectos em gaveta, que dificilmente avançam, porque o mercado imobiliário, a única forma viável de ter um campo no Norte, não acompanha”.
Ter curso não é pré-resquisito
Foi por influência do pai que José Manuel Costa chegou aos campos de golfe. Terminou o 12.º ano, fez alguns cursos técnicos – construção de sistemas de rega, aplicação de produtos citofármacos -, mas foi com a prática, ao acompanhar o pai no trabalho, que mais aprendeu.
Os cursos técnicos são importantes neste trabalho “feito de pormenores”, mas para José Costa há coisas que só se aprendem no terreno. Por isso, na empresa que construiu – e que emprega cerca de 30 pessoas – ter um curso não é requisito obrigatório. Os mais novos, a maior parte com o 9.º ou 12.º anos, aprendem com os mais velhos. E é assim que evoluem.
“Entram com um salário à volta dos 700 euros” e vão crescendo até aos 900, consoante a responsabilidade que assumem. “Não é um mau salário, mas um "green keeper" [responsável máximo pelo campo] no Algarve é que ganha bem. À volta de 2500 euros”, diz José Costa.
A empresa que foi construindo é responsável pela manutenção de mais de dez campos no Norte do país e José Costa supervisiona-os todos. A manutenção da relva – uma cortada a 3mm outra a cerca de 10mm, outras a 30mm - , é tarefa diária e “uma ciência”, que exige atenção permanente à meteorologia, que exige a aplicação de produtos químicos para controlar doenças.
Ser operador de manutenção em campo de golfe é “andar constantemente ao ar livre” e “conhecer gente nova todos os dias”, diz o jovem, de 28 anos. E conclui: “Tenho a certeza que acertei na profissão”.