Vacina contra HPV tomada por mais de 253 mil jovens
Vacina já não é comparticipada. Mesmo sem consenso médico, 88% das jovens nascidas depois de 1991 já foram vacinadas
O anúncio do fim da comparticipação da vacina do papiloma humano, que provoca o cancro do colo do útero, não provocou polémica. Apesar de haver consenso médico em relação aos benefícios da vacina em mulheres com idades até aos 25 anos, Daniel Pereira da Silva, responsável do Colégio de Ginecologia da Ordem dos Médicos e ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, diz que o importante é continuar a cumprir o Plano Nacional de Vacinação.
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O anúncio do fim da comparticipação da vacina do papiloma humano, que provoca o cancro do colo do útero, não provocou polémica. Apesar de haver consenso médico em relação aos benefícios da vacina em mulheres com idades até aos 25 anos, Daniel Pereira da Silva, responsável do Colégio de Ginecologia da Ordem dos Médicos e ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, diz que o importante é continuar a cumprir o Plano Nacional de Vacinação.
Este já abrangeu 88 por cento das jovens que nasceram depois de 1991. ??Segundo dados da Direcção-Geral de Saúde, entre Outubro de 2008 e 30 de Junho de 2011 iniciaram a vacinação gratuita nos centros de saúde (com a primeira dose da vacina) 253.585 jovens nascidas depois de 1992 ou nesse mesmo ano; fizeram a segunda dose 242.691 (84%) e completaram o esquema de 3 doses 213.753 (74%). ??
A vacinação gratuita de todas as jovens no ano em que fazem 13 anos, adianta Daniel Pereira da Silva, "coloca Portugal ao nível dos países europeus mais ambiciosos neste domínio", pelo que "se aceita que, num contexto de contenção orçamental", seja retirada, "temporariamente", a comparticipação da vacina.??
Menos de um ano??
Na verdade, não passou sequer um ano sobre a decisão do anterior Governo de comparticipar uma das duas vacinas existentes no mercado português contra infecções por vírus do papiloma humano. Na altura, cada uma das três doses dessa vacina custava 80 euros e a comparticipação de 37 por cento não a terá tornado acessível à generalidade das mulheres, nota o especialista.
??"Não havendo evidência científica de benefícios, não faz sentido que seja o Serviço Nacional de Saúde - ou seja, todos nós - a pagar a vacina que alguns decidem e podem tomar", reforça Rui Nogueira, dirigente da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral. ??Para este responsável, o importante é aumentar a cobertura dos rastreios que, na Região Centro, se fazem de forma sistemática há já 21 anos.
"Hoje, é raríssimo aparecer no Instituto Português de Oncologia do Centro um caso de cancro invasivo do colo do útero", confirma Daniel Pereira da Silva, médico naquela unidade de saúde. ??Em resposta a perguntas feitas por correio electrónico, a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, desvaloriza as consequências negativas do fim da comparticipação.
Sublinha antes esta responsável que "o grande impacte na redução do número de cancros", que se espera verificar-se a médio e longo prazo, "dever-se-á essencialmente à introdução da vacina no Programa Nacional de Vacinação". No que respeita às lesões benignas (condilomas e verrugas genitais), a vacina pode ter efeitos a curto prazo.