Na Suécia há crianças com GPS no colete para não se perderem na floresta
O Centro Kronprinsen, em Malmo, cidade do sul da Suécia, está a poucos dias de testar este e outros dispositivos electrónicos para controlar as crianças em passeios pela floresta, cujo uso se tem tornado cada vez mais frequente nos últimos anos em várias pré-escolas daquele país.
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O Centro Kronprinsen, em Malmo, cidade do sul da Suécia, está a poucos dias de testar este e outros dispositivos electrónicos para controlar as crianças em passeios pela floresta, cujo uso se tem tornado cada vez mais frequente nos últimos anos em várias pré-escolas daquele país.
“Iremos testar este sistema em dez crianças, durante uma semana, em Outubro. Vamos ter dez transmissores de GPS nos coletes reflectores, quando estivermos fora do infantário”, antecipa à AFP Karin Weholt, que cuida de 36 crianças com idades entre um e seis anos. “Vamos testar se os transmissores são resistentes, se funcionam bem e se afectam as brincadeiras das crianças de algum modo”.
Estes transmissores de GPS enviam a localização das crianças para um monitor portátil, que, por sua vez, faz emitir um sinal de alerta caso o transmissor se desvie para além de uma certa distância do aparelho móvel.
Face às críticas do recurso a esta tecnologia para substituir os funcionários dos infantários, Henrik Hoff, líder do projecto em teste no Centro Kronprinsen, afirma que o método serve para “complementar o trabalho [da equipa de profissionais]”. O sistema, diz, não será utilizado “de modo algum" para propiciar que os "administradores reduzam o número de professores dos infantários”. Aliás, Hoff acrescenta que o sistema “não pode impedir que uma criança fuja”, permite apenas “descobrir precocemente que ela fugiu e encontrá-la mais rápido”.
De resto, a experiência não é exactamente nova na Suécia. Os profissionais de um infantário de Borlange têm recorrido, de há dois anos para cá, a estes dispositivos durante os passeios das crianças pela floresta. Até à data, desde que as crianças utilizam esta aplicação nos coletes reflectores, nenhuma criança se perdeu do grupo.
À agência noticiosa nacional TT, Pernilla Rundqvist, profissional do infantário Humlan, em Borlange, garante que “o transmissor é uma forma de segurança extra”. Recorda, porém, que os professores continuam a estar por perto e a tomar conta das crianças a tempo inteiro.
A Momenta, uma companhia de segurança rodoviária, já equipou entre 100 a 150 pré-escolas pelo país com coletes reflectores com emissão de sinal. “O GPS tem as suas vantagens. Se uma criança está na floresta, pode ver-se quase exactamente onde está. O problema é se a criança não desaparece apenas no exterior. Pode esconder-se num edifício e não é sempre garantido que o sinal de GPS [chegue]”, afirma Sven-Erik Karlsson, da Momenta.
O sistema de controlo e localização tem levantado algumas questões éticas. À TT, Par Strom, especialista em temas relacionados com tecnologia e privacidade, salienta a ambivalência deste sistema: “Por um lado, vejo vantagens em algumas situações, ao mesmo tempo habituam-se as crianças a estarem sob vigilância constante a partir de uma idade muito precoce”.
À Associated Press, o líder do Quadro de Inspecção de Dados da Suécia, Erik Janzon, já garantiu que o organismo vai investigar sobre esta matéria. “Pode ser absolutamente inócuo ou pode afectar aspectos de privacidade. Depende do tipo de informação que se introduz no sistema e o propósito do [seu] uso”, conclui.
Seguir o rasto das crianças é apenas um exemplo das funções desta aplicação. Os transmissores de GPS são ainda defendidos como método de localização de pacientes idosos que sofrem de Alzheimer.
Notícia corrigida às 8h39