Post Morten

Sem meias palavras, “Post-Mortem” é um filme de terror. Não tem zombies, vampiros, alienígenas ou monstros - não precisa. “Tony Manero”, o anterior filme de Pablo Larraín, já então com o grande actor que é Alfredo Castro, já era um filme de terror - do terror do Chile sob Pinochet, do terror do que um homem pode fazer a outro homem em nome da sobrevivência.


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Sem meias palavras, “Post-Mortem” é um filme de terror. Não tem zombies, vampiros, alienígenas ou monstros - não precisa. “Tony Manero”, o anterior filme de Pablo Larraín, já então com o grande actor que é Alfredo Castro, já era um filme de terror - do terror do Chile sob Pinochet, do terror do que um homem pode fazer a outro homem em nome da sobrevivência.


“Post-Mortem” leva esse terror quotidiano mais longe. Muito mais longe. E de modo significativamente mais difícil de suportar - porque tudo, aqui, acontece nos poucos dias imediatamente antes e depois do golpe que depôs Salvador Allende, e a sua personagem principal, a que Alfredo Castro dá uma presença infinitamente mais inquietante, trabalha numa morgue. E Larraín volta a sondar os recantos mais escuros da alma humana, de modo brutal e arrepiante, no modo como a súbita mudança política afecta Mario que, confrontado com a desumanidade que os rodeia, acaba por se lhe entregar sob a máscara da sobrevivência - mas será verdadeiramente sobrevivência ou será apenas o libertar de uma psicose que já lá estava?

Metódico e inexorável onde “Tony Manero” era urgente e nervoso, “Post Mortem” é tão osso duro de roer como um dos maiores e mais assustadores filmes que vamos ver este ano.