Voluntariado como "forma de escape" é um erro

Daniel Ferreira passou um ano em São Tomé e Princípe. Foi para ajudar, mas também porque estava desempregado há oito meses

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Quando Daniel Ferreira aterrou no aeroporto de Lisboa, t-shirt vestida e havaianas nos pés em pleno mês de Fevereiro, tudo lhe pareceu estranho. O frio, o trânsito, a quantidade de pessoas, a confusão.

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Quando Daniel Ferreira aterrou no aeroporto de Lisboa, t-shirt vestida e havaianas nos pés em pleno mês de Fevereiro, tudo lhe pareceu estranho. O frio, o trânsito, a quantidade de pessoas, a confusão.

Tinham passado 12 meses. E a realidade de país europeu já lhe escapava, depois da vida na mais pequena ilha de São Tomé e Príncipe, onde o jovem de 29 anos fez voluntariado em dois projectos: um de animação sócio-cultural com idosos, outro com jovens.

África sempre foi a opção em cima da mesa: “Por causa da língua” e por ser um país com “muitas carências”, onde podia “ajudar de forma mais intensa”. O voluntariado surgiu por uma vontade grande de ir para o estrangeiro e de ajudar.

Farto de recibos verdes

Na hora de escolher, outro dado foi decisivo: “O facto de já estar há longos meses desempregado”, admite Daniel Ferreira, que não conseguia emprego há cerca de oito meses e estava farto dos recibos verdes.

Não há uma formula para o bom voluntário. O que não pode acontecer é encontrar no voluntariado “uma forma de escape” para problemas que existam no dia-a-dia, avisa.

“Espírito de entre-ajuda, capacidade de trabalho e motivação.” São estas as três características mais importantes para retirar o máximo proveito de uma experiência deste género.

Acima de tudo, afirma Daniel Ferreira, o voluntariado “é uma forma de exercer cidadania activa. Os recibos verdes não desapareceram da vida do jovem portuense. Acredita que o voluntariado o ajudou a conseguir um dos trabalhos (temporários) que tem agora, mas não mais do que isso. Já esteve de malas feitas para Moçambique, mas decidiu adiar. “Apenas temporariamente”, garante.