Sarkozy e Cameron acolhidos em euforia na primeira visita à Líbia libertada
"Quando finalmente aqui estamos, não nos perguntamos por que viemos", afirmou repetidas vezes o chefe de Estado francês para a coluna de jornalistas que o acompanham desde que chegou ao aeroporto de Trípoli, com poucos minutos de diferença de Cameron, ambos ali recebidos pelo líder do Conselho Nacional de Transição, Mustafá Abdul Jalil, e o primeiro-ministro de facto, Mahmoud Jibril.
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"Quando finalmente aqui estamos, não nos perguntamos por que viemos", afirmou repetidas vezes o chefe de Estado francês para a coluna de jornalistas que o acompanham desde que chegou ao aeroporto de Trípoli, com poucos minutos de diferença de Cameron, ambos ali recebidos pelo líder do Conselho Nacional de Transição, Mustafá Abdul Jalil, e o primeiro-ministro de facto, Mahmoud Jibril.
E questionado sobre os gritos entusiasmados da população – "um,dos,três, viva Sarkozy!" – frisou que "não é uma questão de prazer" próprio. "É antes extremamente emocionante ver os jovens árabes virarem-se para dois grandes países do Ocidente para lhes dizer obrigado. O que demonstra que o confronto entre Ocidente e Oriente não é de todo uma fatalidade".
Os dois líderes da NATO – grandes motores da intervenção e os primeiros entre as maiores potências a visitar a Líbia pós-Muammar Khadafi – chegaram a Trípoli em aviões separados. Segundo os media franceses não ficarão apenas na capital e irão ainda a Benghazi, o centro da rebelião contra o coronel.
Esta manhã visitaram já, juntos, um hospital na capital líbia, aparentemente pouco tocado pela guerra civil de sete meses no país, e onde voltaram a ser acolhidos em júbilo. Precorreram os corredores à frente de uma longa comitiva e entraram em três quartos, onde conversaram com os feridos e médicos, relata o correspondente da agência noticiosa francesa AFP.
Sarkozy está acompanhado pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, e pelo ensaísta Bernard-Henri Lévy, que desde a primeira hora defendeu os rebeldes e que é visto por muitos como o instigador da operação junto do líder francês.
“A Europa apoia a democracia” e “esta é a razão da visita de David Cameron e Nicolas Sarkozy”, apontou o ministro francês dos Assuntos Europeus, Jean Leonetti, à cadeia de televisão I-Télé. “É uma viragem histórica na política francesa e europeia face aos países árabes. É a primeira vez que tropas europeias permitem a um povo árabe libertarem-se de um ditador”.
Segundo a AFP, os controlos de segurança nas estradas que ligam o aeroporto, no Leste da capital, ao centro da cidade foram particularmente reforçados. A BBC acrescentava que Sarkozy se faz rodear de 160 seguranças do esquadrão especial CRS, que receberam instruções para usarem roupas civis, transportar três litros de água, rações e um colete anti-balas.
“Os líderes estarão seguros”, garantiu o chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT, o braço político da rebelião), Mustafá Abdul Jalil, com quem Cameron e Sarkozy se encontrarão. Isso não quer dizer que estejam longe da população. Estão previstos discursos na Praça da Liberdade, em Benghazi.
Menos sanções contra a LíbiaA visita de Cameron surge num momento em que entre os membros do Conselho de Segurança da ONU circula um projecto de resolução que pretende aliviar as sanções contra a Líbia, adiantou ainda a estação britânica. O documento deverá obter o acordo dos Estados Unidos, que vêem como positivo o controlo que o CNT está a conquistar no país.
Esta visita não surgiu subitamente. O correspondente da BBC em Paris adiantou que estava a ser estudada há várias semanas, e que a espera se deveu à necessidade de garantias de segurança. Mas ficou claro que com a queda de Trípoli, no fim-de-semana, a deslocação foi apressada, para mostrar que os líderes da NATO estão com os rebeldes.
Nos seus encontros com a nova liderança líbia, Cameron e Sarkozy ouvirão certamente pedidos para a entrega de mais armas aos rebeldes, para que possam derrotar as forças de Khadafi que ainda ocupam algumas áreas do país, nomeadamente Sirte, a cidade natal do homem que durante quatro décadas governou a Líbia, Bani Walid e Jufra. Jalil afirmou que muitas forças pró-Khadafi fugiram para Sabha, uma zona deserta no Sul. “Haverá fortes batalhas em Sabha, com equipamento que ainda não temos, e pedimos mais equipamento para tomar esses locais”, lançou Jalil numa entrevista à BBC.
Notícia actualizada às 12h