Cientistas anunciam a descoberta de novos 50 exoplanetas
O planeta, chamado HD 85512 b, tem uma massa 3,6 vezes superior à da Terra e está numa órbita equivalente à de Mercúrio. Como a sua estrela mãe é mais pequena e é 1000 graus mais fria do que o Sol, o planeta orbita numa zona em que a água líquida poderá existir, ou seja na denominada região habitável.
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O planeta, chamado HD 85512 b, tem uma massa 3,6 vezes superior à da Terra e está numa órbita equivalente à de Mercúrio. Como a sua estrela mãe é mais pequena e é 1000 graus mais fria do que o Sol, o planeta orbita numa zona em que a água líquida poderá existir, ou seja na denominada região habitável.
A descoberta só foi possível graças ao HARPS, a sigla inglesa para projecto de Investigação Planetária de velocidade Radial de Alta Precisão. Este instrumento é um espectrógrafo instalado num telescópio de 3,6 metros que faz parte do Observatório de La Silla, no Chile, que pertence ao Observatório Europeu do Sul (ESO) – um consórcio de Astronomia de 15 países, onde Portugal está integrado, que tem no Chile três centros de observação.
O HARPS detecta exoplanetas graças à velocidade radial das estrelas, que é influenciada pelas órbitas dos planetas. Há oito anos que o instrumento está à procura de planetas extra-solares, ao todo já detectou 150. A nova safra de astros aconteceu depois de o instrumento estudar 376 estrela parecidas com o Sol. Através dos dados dos últimos dois anos, os investigadores concluíram que 40 por cento deste tipo de estrelas têm pelo menos um planeta menos massivo do que Saturno.
“As descobertas do HARPS incluem uma população excepcionalmente rica de super-Terras e planetas do tipo de Neptuno que pertencem a estrelas muito parecidas com o Sol”, disse o líder do projecto, Michel Mayor, da Universidade de Genebra, na Suíça. O investigador falava durante a conferência sobre Sistemas Solares Extremos, que está a acontecer em Wyoming, nos Estados Unidos, onde a descoberta foi anunciada e que reúne 350 especialistas no assunto. Mayor acrescentou ainda que a frequência com que se descobre exoplanetas está aumentar.
O HARPS tem vindo a ser melhorado, o que permite medições cada vez mais apuradas, os cientistas dizem que o instrumento não atingiu o limite de detecção com a descoberta do planeta HD 85512 b.
Além deste planeta, foram descobertas outras quatro mega-Terras com uma massa menor do que cinco vezes a massa da Terra. “Estes planetas vão ser os melhores alvos para telescópios espaciais futuros para procurar por sinais de vida nas suas atmosferas ao detectar certas assinaturas químicas como a existência de oxigénio”, explicou Francesco Pepe, do Observatório de Genebra.
A equipa do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto liderada pelo investigador Nuno Cardoso Santos também está integrada neste projecto do ESO. O cientista português, que está na conferência nos Estados Unidos, defende que a novidade mostra que o projecto está no bom caminho. “O HARPS já superou todas as expectativas e é o instrumento com mais detecções de super Terras. Isto promete um futuro risonho e cheio de sucesso para o seu sucessor, o ESPRESSO”, disse em comunicado, referindo-se ao novo instrumento com mais capacidade para detectar exoplanetas que está a ser construído por uma equipa internacional, na qual o grupo do Porto está integrado.