Descoberto em Mora monumento megalítico com seis menires em forma de cruz
Um conjunto de seis menires dispostos em forma de cruz foi identificado na primeira semana de Agosto por uma equipa de investigadores da Universidade de Évora no concelho de Mora. Numa primeira observação - que vai requerer uma análise mais aprofundada - a arqueóloga Leonor Rocha, que coordena a investigação, classifica o novo achado como "um novo monumento megalítico" que poderá não ter paralelo na Península Ibérica ou mesmo na Europa.
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Um conjunto de seis menires dispostos em forma de cruz foi identificado na primeira semana de Agosto por uma equipa de investigadores da Universidade de Évora no concelho de Mora. Numa primeira observação - que vai requerer uma análise mais aprofundada - a arqueóloga Leonor Rocha, que coordena a investigação, classifica o novo achado como "um novo monumento megalítico" que poderá não ter paralelo na Península Ibérica ou mesmo na Europa.
Contudo, não é possível afirmar, neste momento, que se trata de "um recinto megalítico propriamente dito", prossegue Leonor Rocha. Mas "se vier a confirmar-se que a disposição que os menires apresentam à superfície é a mesma dos alvéolos de implantação, então estar-se-á perante um monumento único a nível peninsular". A descoberta deu-se num sítio conhecido como Anta da Cruz na freguesia de Brotas.
Quatro dos menires têm um alinhamento norte-sul, estando os restantes dois no alinhamento este-oeste. A sua disposição "parece formar uma tipologia desconhecida" no contexto do megalitismo de menires no Alentejo, assinala a arqueóloga, que tem vindo a desenvolver projectos de investigação no concelho de Mora com apoio da câmara local. Três deles "estão decorados com covinhas", que, num dos casos, parecem representar um símbolo solar. No entanto, só com posteriores escavações é que se pode vir a confirmar se os menires não foram deslocados anteriormente ou se, pelo contrário, a disposição que apresentam é aquela em que foram originalmente colocados.
Os arqueólogos pretendem também saber se o granito de que são constituídos é o mesmo do afloramento sobre o qual se localizam. Para chegarem a uma conclusão vai ser feita uma amostragem. "Aparentemente" o novo achado arqueológico "não estará ligado a rituais funerários", observa Leonor Rocha. Mas como apenas para 2012 estão programadas mais sondagens no local, só então se poderá confirmar uma tal hipótese.
Outra associação que se espera que possa vir a ser feita será entre os menires e algum povoamento do Neolítico, dada a existência de afloramentos graníticos na zona da descoberta. A arqueóloga explica que a descoberta foi fruto do acaso. Apesar de fazer investigação há mais de 20 anos no concelho de Mora, nunca fora ao marco geodésico da Anta da Cruz.
Na passada semana a equipa de investigadores da Universidade de Évora fez um desvio no percurso que seguiam no levantamento da zona em estudo. "Quando lá chegámos, vimo-los [aos menires] deitados", com a configuração em cruz. A dedução foi imediata: a designação Anta da Cruz - que não corresponde a nenhum achado arqueológico anterior - é muito antiga.
Já na década de 1970 tinham sido identificados dois recintos megalíticos no concelho, Vale d"El Rei e Fontainhas. As últimas descobertas deste tipo no distrito de Évora datam de 1999, no concelho de Montemor-o-Novo.