Desapareceram 41 crianças no ano passado
A maioria das crianças que desapareceu no ano passado tinha fugido de casa (25), mas também houve 10 casos em que se tratou de raptos parentais e outras seis situações em que os menores fugiram das instituições onde estavam, revela o relatório do SOS-Criança, um organismo criado em 1989 pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC).
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A maioria das crianças que desapareceu no ano passado tinha fugido de casa (25), mas também houve 10 casos em que se tratou de raptos parentais e outras seis situações em que os menores fugiram das instituições onde estavam, revela o relatório do SOS-Criança, um organismo criado em 1989 pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC).
Dez menores estiveram desaparecidos menos de dois dias e sete menos de uma semana. O relatório indica ainda que em cinco casos o menor conseguiu estar incontactável entre uma a duas semanas e houve três crianças que desapareceram durante duas a três semanas.
Três menores fugiram durante três a quatro semanas e outros dois estiveram por localizar por um período superior a um mês. Em três casos, os menores desapareceram durante mais de meio ano e em quatro casos mais de nove meses. O relatório indica ainda que três menores estiveram mais de um ano desaparecidos.
A maioria destas crianças tinha alguém “à sua espera”: 12 estavam com o progenitor, 16 com os companheiros ou amigos e cinco com os irmãos. Quinze menores acabaram por regressar a “casa” por sua iniciativa, ao passo que em seis situações foi a família ou a polícia (seis vezes) que deslindou o caso. “Duas crianças não quiseram regressar a casa/instituição e nove têm processo aberto”, refere o relatório, indicando que 12 dos “desaparecidos” eram reincidentes.
Nos raptos parentais, em 13 casos os pais ainda estavam casados, oito estavam divorciados, seis separados havendo ainda duas uniões de facto ou solteiros. O estado civil dos pais de nove crianças desaparecidas manteve-se desconhecido até agora.
Foram precisamente os conflitos familiares a principal razão de fuga, seguindo-se a internet e a influência de amigos. “A violência doméstica foi responsável por quatro desaparecimentos e os maus-tratos por três”. O relatório aponta ainda casos de doenças psiquiátricas, negligência, problemas comportamentais, namoro e até uma história de um menor que fugiu para ir a um concerto.
No ano passado desapareceram 31 raparigas e 10 rapazes e é perto do fim-de-semana que acontece a maioria dos casos: 11 numa sexta-feira, sete na quinta e outros cinco casos na segunda-feira.
Quanto às idades, não existe um padrão: no ano passado desapareceram duas crianças de dois anos e seis com três, cinco, seis, sete, dez e onze anos, mas também cinco jovens de 16 anos e quatro de 17 anos.
A maioria vivia em Lisboa (11). Em Évora e Bragança desapareceram quatro menores em cada um dos distritos. Setúbal, Braga, Coimbra, Faro, Leiria, Viseu, Santarém e Aveiro também registaram casos.
Na maior parte das situações o alerta foi feito pela família, mas também existiram onze fugas denunciadas pela comunidade e sete por profissionais de instituições ligadas a crianças. Em dois casos, foram os próprios “fugitivos” que contactaram os serviços SOS-Criança Desaparecida.
Oito denúncias chegaram aos serviços SOS por e-mail, as outras 33 por telefone, revela o relatório que indica ainda que o Serviço de Crianças Desaparecidas já sinalizou 318 casos ao longo destes anos. Só no ano passado foram 41, metade dos registados em 2009, altura em que os serviços sinalizaram 88 crianças desaparecidas.