Incêndios, lobos e martas

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O lobo-ibérico pode regressar aos locais ardidos, anos depois Pedro Cunha

A marta, um pequeno mamífero carnívoro ameaçado (Martes martes), “é um animal que apenas vive em zonas de carvalhal ou em áreas próximas dele. É ‘especialista’ neste habitat. Os incêndios podem significar, simplesmente, a perda do seu habitat”, explica Francisco Álvares, biólogo do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto) especialista em mamíferos carnívoros que trabalha há vários anos na zona do Gerês.

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A marta, um pequeno mamífero carnívoro ameaçado (Martes martes), “é um animal que apenas vive em zonas de carvalhal ou em áreas próximas dele. É ‘especialista’ neste habitat. Os incêndios podem significar, simplesmente, a perda do seu habitat”, explica Francisco Álvares, biólogo do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto) especialista em mamíferos carnívoros que trabalha há vários anos na zona do Gerês.

Já para o lobo-ibérico (Canis lupus signatus), os impactos não são tão directos. “O fogo pode causar perturbação de habitats. Mas o lobo consegue deslocar-se com as suas crias para outros locais e, dentro de alguns anos, pode mesmo regressar”. Ainda assim, os problemas subsistem. “Os lobos são obrigados a fugir das cumeadas das serras, queimadas, e a aproximar-se das populações”, explica.

Os fogos prejudicam os projectos de conservação da natureza. Gonçalo Brotas conserva há cinco anos o habitat do lobo-ibérico nas Serras da Freita, Arada e Montemuro, em Viseu. Esta Primavera, os incêndios deitaram por terra parte do trabalho, contou o coordenador técnico da Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico. “Em 2008 plantámos cerca de cinco hectares de vidoeiros, lódãos, freixos e alguns castanheiros na serra da Freita para recuperar habitat para o lobo”, conta. “Esta Primavera, os incêndios queimaram entre 60 e 70 por cento dessa área, impedindo a rebentação das árvores. Só para o próximo ano é que poderemos ver os estragos e como é que as árvores resistiram ao fogo. Mas aquilo que posso dizer é que o fogo atrasou muito o projecto”. Na opinião de Gonçalo Brotas, “o problema não é o incêndio mas a sua frequência, ano sim, ano não”.