Petição quer que Estado compre arca de Fernando Pessoa
A arca, onde Fernando Pessoa guardou poemas, cartas e livros, foi arrematada em leilão, em 2008 em Lisboa, por 50.000 euros por um coleccionador particular e “estará no norte do país”, disse à Lusa o especialista na obra de Pessoa, Nuno Hipólito, que defende que o Estado compre a arca e a exponha ao público.
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A arca, onde Fernando Pessoa guardou poemas, cartas e livros, foi arrematada em leilão, em 2008 em Lisboa, por 50.000 euros por um coleccionador particular e “estará no norte do país”, disse à Lusa o especialista na obra de Pessoa, Nuno Hipólito, que defende que o Estado compre a arca e a exponha ao público.
“Os pessoanos, como eu, ficaram chocados por o Estado não ter comprado a arca”, disse o promotor da petição que já recolheu cerca de 540 assinaturas online.
Nuno Hipólito afirmou-se “preocupado com o paradeiro da arca que pode até sair do país, bem como pelo seu estado de conservação”. “Quase garanto que o Estado, em rigor, não sabe onde ela está”, disse.
Contactado pela Lusa o gabinete do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, confirmou que não sabia do paradeiro da arca: “O seu paradeiro, como se compreende, não é do conhecimento da secretaria de Estado da Cultura”, afirmou a fonte oficial.
A mesma fonte disse que “não é neste momento intenção da secretaria de Estado da Cultura encetar qualquer processo de aquisição do referido objecto”.
“A secretaria de Estado da Cultura compreende a intenção dos cidadãos ao envolverem-se numa petição desta natureza; no entanto, recorda que o espólio literário do poeta foi salvaguardado, encontrando-se actualmente na Biblioteca Nacional, disponível para consulta e estudo”, salientou a mesma fonte.
A petição on-line (http://findthetrunk.com/signatures.html) inclui nomes como António Cícero, Arnaldo Saraiva, Gastão Cruz, Guilherme d’Oliveira Martins, Jacinto Lucas Pires, Jerónimo Pizarro, José Gil e Lídia Jorge.
Maria Andresen, Maria Bethânia, Mariano Deidda, Manuel Gusmão, Miguel Real, Onésimo Teotónio Almeida, Patrick Quillier, Pilar del Río e Pedro Tamen são outros dos signatários da petição.
Nuno Hipólito lançou a petição “com esperança de que o novo Executivo se mostrasse mais sensível a esta matéria”.
O espólio documental do poeta Fernando Pessoa foi classificado como bem de interesse nacional, por decreto-lei publicado em Setembro de 2009. De acordo com o diploma n.º 21/2009 do Ministério da Cultura, esta classificação passa a designar o espólio do escritor como tesouro nacional.
Pelo decreto-lei ficam abrangidos “todos os documentos produzidos ou reunidos por Fernando Pessoa, seja na forma de manuscritos autógrafos, isolados ou integrados em documentos de terceiros, assinados ou não, de dactiloscritos ou tiposcritos, com ou sem intervenção autógrafa, assinados ou não”.
São ainda incluídos “todos os documentos biográficos de Fernando Pessoa ou que registem as suas técnicas e hábitos, assinados ou não, seja qual for o acabamento do texto ou textos neles contidos, e os documentos impressos que se reconheça terem pertencido à sua biblioteca e ostentem marcas autógrafas de utilização”.
O promotor da petição pretende reunir dez mil assinaturas para as enviar a Francisco José Viegas, mas por ora reúne cerca de 540, contando, por exemplo, com Rui Reininho, Rui Zink, Tatiana Salem Levy, Teresa Rita Lopes, Valter Hugo Mãe, Ana Luísa Amaral e Júlio Machado Vaz.