Atentados na Noruega causaram 92 mortos

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Corpos nas margens da ilha de Utoeya Vegard M. Aas/Presse30/Reuters

A maioria das vítimas (85) perdeu a vida na pequena ilha de Utoeya, onde decorria o campo de jovens, e as restantes sete ocorreram em consequência do ataque à bomba em Oslo.

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A maioria das vítimas (85) perdeu a vida na pequena ilha de Utoeya, onde decorria o campo de jovens, e as restantes sete ocorreram em consequência do ataque à bomba em Oslo.

A polícia já fez saber que não vai divulgar a lista das vítimas hoje.

As autoridades estão a interrogar um norueguês de 32 anos identificado como Anders Behring Breivik por alegado envolvimento nos ataques de ontem.

O homem foi detido ainda na ilha de Utoeya - nas imediações de Oslo - onde terá disparado e morto dezenas de jovens que frequentavam o campo de férias.

Entretanto, hoje de manhã foi detido outro jovem tendo em sua posse um canivete num lugar onde estavam reunidos alguns sobreviventes do massacre na ilha de Utoeya e onde o primeiro-ministro norueguês tinha acabado de chegar. O jovem explicou ser um membro da juventude trabalhista, a mesma que esteve ontem debaixo de fogo, e que apenas andava com o canivete no bolso porque não se sentia seguro.

A polícia está a perscrutar toda a ilha e as águas em seu torno com um mini-submarino, indicou à Reuters o inspector Bjoern Erik Sem-Jacobsen. “Não sabemos quantas pessoas estavam na ilha, pelo que temos que continuar à procura”.

A polícia está igualmente a averiguar a possibilidade de Anders Behring Breivik ter tido um ajudante. “Não há notícias concretas de um segundo atacante, mas não estamos a excluir nenhuma possibilidade”, indicou a porta-voz da polícia de Oslo Trine Dyngeland.

Os ataques foram "um pesadelo", disse o primeiro-ministro

Este é o mais grave atentado terrorista na Europa desde que 52 pessoas perderam a vida em Londres em 2005, num ataque levado a cabo por terroristas islâmicos.

Numa conferência de imprensa hoje em Oslo o primeiro-ministro disse que os ataques foram como “um pesadelo”.

“Nunca desde a II Guerra Mundial este país foi tão gravemente atingido por um crime desta envergadura”, disse Jens Stoltenberg.

Stoltenberg indicou ainda que deveria ter estado no campo da ilha de Utoeya - “um paraíso da juventude tornado num Inferno” - algumas horas após o ataque.

O governante disse ainda que é demasiado cedo para comentar os possíveis motivos para o ataque.

O Presidente norte-americano Barack Obama já condenou os ataques, tendo sublinhado: “Isto lembra-nos que toda a comunidade internacional tem uma grande responsabilidade na prevenção deste tipo de terror”. Por seu lado, o Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, indicou que estes “actos de cobardia” não têm justificação.

Atacante estava vestido de polícia

Centenas de jovens estavam no campo organizado pelo Partilho Trabalhista, no poder na Noruega. Testemunhas oculares descreveram a forma como um homem alto e louro, vestido de polícia, abriu fogo de forma indiscriminada, fazendo com que várias dezenas de jovens se tivessem arremessado à água para fugirem das balas. Muitos dos jovens foram alvejados quando tentavam nadar para segurança.

Uma testemunha ocular, com 15 anos, descreveu a forma como o homem que ela julgou ser um polícia abriu fogo contra a multidão. “Ele primeiro disparou contra as pessoas na ilha e depois começou a disparar contra as pessoas na água”, disse à AP a jovem delegada Elise.

Esta madrugada a polícia descobriu muito mais vítimas depois de pesquisar a área em torno da ilha. As autoridades alertaram já para a possibilidade de o número de mortos poder vir a aumentar depois de os polícias passarem a pente fino as águas em torno da ilha.

O atirador - que estaria armado com uma pistola, uma arma automática e uma caçadeira - terá apanhado o ferry vestido de polícia alegando que ia à ilha de Utoeya para investigar possíveis ligações com o atentado de Oslo, que tinha decorrido ao início da tarde, indicou o jornalista Ole Torp, da NRK, à BBC.

Em Oslo, as autoridades recomendaram os cidadãos que permaneçam em casa durante o fim-de-semana e que evitem as áreas mais movimentadas da cidade.

A bomba de forte potência - que terá tido origem num carro armadilhado - atingiu um edifício de 17 andares onde fica o gabinete do primeiro-ministro norueguês e afectou também as instalações de outros ministérios deixou um rasto de destroços e vidros no centro de Oslo. As autoridades temem que possam ainda estar algumas pessoas presas nos destroços.

O primeiro-ministro norueguês não se encontrava no seu gabinete na altura da explosão.

Principal suspeito: Anders Behring Breivik

Imediatamente após os ataques as suspeitas da autoria dos atentados recaíram nos radicais islâmicos, mas parece agora que a responsabilidade poderá estar na ideologia de extrema-direita.

Esta pista ficou em cima da mesa depois de a polícia ter detido um homem identificado como Anders Behring Breivik na ilha de Utoeya. As autoridades descrevem-nos como “loiro” e “etnicamente norueguês”, avança o Financial Times.

“Muitas pistas indicam agora que se trata de uma pessoa com treino militar e que poderá estar ligada a ambientes neo-nazis aqui mesmo na Noruega”, indicou ao mesmo jornal Cecilie Hellestveit, uma perita do Instituto de Direito e Política Internacional de Oslo.

De acordo com o chefe de polícia Sveinung Sponheim, o “rasto online” do suspeito “sugere que ele teria simpatias políticas a apontar para a extrema-direita e que era anti-muçulmano”.

“Mas a motivação real para os ataques permanece por revelar”, indicou Sponheim à norueguesa NRK.

Sabe-se pouco acerca deste suspeito, para além do que emergiu através das suas redes sociais Facebook e Twitter, incluindo uma fotografia sua.

De acordo com os media noruegueses, na página de Facebook atribuída a Anders Behring Breivik (que já não está disponível) o indivíduo descreve-se como o cristão conservador. Na lista dos seus interesses constavam as actividades body-building e maçonaria.

No dia 17 de Julho, o suspeito terá escrito no Twitter a seguinte mensagem: “Uma pessoa com uma crença tem a mesma força que 100 mil pessoas que têm apenas interesses”.

O jornal norueguês “Verdens Gang” falou com um amigo de Anders que diz que o suspeito se virou para os movimentos de extrema-direita antes de completar 30 anos. O jornal indica ainda que o homem participava frequentemente em fóruns online expressando as suas opiniões nacionalistas.

Breivik terá estudado na Escola de Comércio de Oslo e, ao que tudo indica, trabalha numa quinta de produção de alimentos biológicos, a Breivik Geofarm. Especula-se que poderá ter sido aqui que ele possa ter obtido fertilizante, um ingrediente usado na fabricação de bombas.

Notícia actualizada às 16h24