Há cada vez mais refugiados e são os países pobres que suportam o maior fardo
Entre os 43,7 milhões há 15,4 milhões de pessoas que fugiram dos seus países, 80 por cento dos quais para estados em desenvolvimento, e 27,5 milhões que fugiram de casa e permaneceram no seu país. Outras 850 mil pediram asilo.
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Entre os 43,7 milhões há 15,4 milhões de pessoas que fugiram dos seus países, 80 por cento dos quais para estados em desenvolvimento, e 27,5 milhões que fugiram de casa e permaneceram no seu país. Outras 850 mil pediram asilo.
"O medo sobre supostas inundações de refugiados nos países industrializados tem sido largamente exagerado ou erradamente confundido com questões de imigração. Entretanto, são os países pobres que têm de suportar o fardo", afirmou em comunicado o alto-comissário e ex-primeiro-ministro português António Guterres. "Às vezes as maiores objecções vêm de países que não pagam a maior fatia", disse por seu turno, em Genebra, Alexander Aleinikoff, adjunto do alto-comissário. Há uma "distribuição injusta" dos deslocados, sublinhou.
O maior grupo de refugiados continua a ser constituído por afegãos (três milhões), seguidos por iraquianos, somalis e congoleses. Mais de metade dos refugiados são crianças com menos de 18 anos. E os países que abrigam mais refugiados são o Paquistão (1,9 milhões, a maioria afegãos), o Irão (1,1 milhões, com muitos afegãos) e a Síria (um milhão, quase to-dos iraquianos). Na Europa havia no fim do ano passado 1,6 milhões de refugiados, menos 40.700 do que um ano antes.
"As causas não desaparecem. Neste ano já assistimos a conflitos no Norte de África, na Costa do Marfim, na Síria, no Sudão", disse Aleinikoff. Nos últimos meses houve fugas maciças de pessoas da Tunísia e da Líbia, ao mesmo tempo que a iminência da independência do Sul do Sudão provocou um pico de violência e levou dezenas de milhares a abandonar as suas cidades. Dez mil sírios fugiram para a Turquia nas últimas semanas.
Domingo, Guterres e a actriz Angelina Jolie, embaixadora da ONU, visitaram a ilha italiana de Lampedusa para agradecer aos habitantes a generosidade no acolhimento de imigrantes - desde Janeiro desembarcaram ali 18 mil. Na véspera, Guterres esteve na Tunísia, país de onde saíram muitos dos que chegaram a Lampedusa mas onde entraram milhares de pessoas em fuga da guerra civil líbia.