Vacina transforma sistema imunitário em arma de guerra contra o cancro da próstata
A técnica chama-se imunoterapia e baseia-se na resposta imunitária que faz com que o nosso corpo se defenda de organismos estranhos, como vírus ou bactérias. Desta vez, a resposta é contra um perigo interno, as células cancerígenas.
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A técnica chama-se imunoterapia e baseia-se na resposta imunitária que faz com que o nosso corpo se defenda de organismos estranhos, como vírus ou bactérias. Desta vez, a resposta é contra um perigo interno, as células cancerígenas.
Estas células produzem na membrana antigénios específicos que as diferenciam das células saudáveis da próstata. Estes antigénios, que são proteínas, formam uma espécie de “camisola celular” que se forem reconhecidas pelo sistema imunitário, podem ser alvo de ataque e destruição.
Para isso, as células do sistema imunitário chamadas de linfócitos têm que aprender a distingui-las das restantes células saudáveis. “O maior desafio na imunologia é desenvolver antigénios que possam sinalizar o tumor sem causar mal noutros lados”, disse citado pela BBC News Alan Malcher, investigador da Universidade de Leeds. Um dos grupos da equipa internacional que contou com cientistas da clínica Mayo, no Minnesota, Estados Unidos.
A equipa conseguiu contornar este problema com a ajuda de vírus. Injectaram pedaços de ADN de células saudáveis da próstata nos vírus, que produziram inúmeros antigénios a partir destes pedaços de ADN.
Depois, os cientistas injectaram nove doses de vírus nos ratinhos com tumores de próstata, provocando uma reacção do sistema imunitário que aprendeu a reconhecer estes antigénios e acabou por atacar as células cancerígenas. Oitenta por cento dos ratinhos ficaram curados e não houve danos coletarais nas células saudáveis.
“Ninguém sabe quantos antigénios é que o sistema imunitário pode ver nas células tumorais”, disse em comunicado Richard Vile, da clínica Mayo. “Ao expressarmos todas estas proteínas em vírus, aumentámos a sua visibilidade ao sistema imunitário.” Os cientistas pensam que esta técnica possa ser aplicada a outros tumores como o melanoma.
Dentro de dois anos, deverão começar os ensaios clínicos em pessoas.