Perfil: Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros
Paulo Portas volta ao Governo cumprindo a ambição de exercer a “habilidade diplomática” que lhe apontam colaboradores próximos, numa pasta que tinha sido recusada ao CDS-PP em 2002, os Negócios Estrangeiros.
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Paulo Portas volta ao Governo cumprindo a ambição de exercer a “habilidade diplomática” que lhe apontam colaboradores próximos, numa pasta que tinha sido recusada ao CDS-PP em 2002, os Negócios Estrangeiros.
Em 2002, segundo disse à Lusa um dirigente centrista que acompanhou na altura o processo de formação do Governo de coligação, o CDS-PP “tinha manifestado disponibilidade" para assumir as pastas dos "Negócios Estrangeiros, Administração Interna, Emprego e Segurança Social".
No entanto, acabou por ficar no XV Governo, liderado por Durão Barroso, com a Justiça (Celeste Cardona), Estado e Defesa Nacional (Paulo Portas) e Segurança Social e Trabalho (António Bagão Félix, independente). No Governo seguinte, com Pedro Santana Lopes, Paulo Portas manteve o ministério do Estado e da Defesa Nacional e foi-lhe acrescentada a tutela dos Assuntos do Mar.
Fluente em quatro línguas estrangeiras – francês, inglês, espanhol e italiano – Paulo Sacadura Cabral Portas, 48 anos, assumirá finalmente a pasta dos Negócios Estrangeiros, sendo também ministro de Estado do XIX Governo Constitucional.
Foi sob a liderança de Paulo Portas, destacou fonte democrata-cristã, que o CDS-PP conseguiu ser readmitido no grupo parlamentar do PPE (Partido Popular Europeu) – a mesma família europeia a que pertence o PSD – da qual tinha sido expulso em 1992, durante a liderança de Manuel Monteiro devido às posições assumidamente anti-europeístas. O regresso ao PPE, ainda que restrito ao grupo parlamentar, deu-se em 2004, um “primeiro passo” para a plena integração naquela família política, que só ocorreu em 2009.
Paulo Portas aderiu ao CDS-PP em 1995, depois de ter sido um dos principais conselheiros do antigo presidente do partido Manuel Monteiro, que viria a substituir, no congresso de Braga, em 1998.Liderou o partido durante sete anos, levando o CDS-PP ao poder em 2002 e demitiu-se em 2005, na sequência das legislativas de Fevereiro desse ano, nas quais o partido obteve 7,3 por cento dos votos, quando pedira 10 por cento na campanha eleitoral.
Dois anos depois, com Ribeiro e Castro à frente do CDS-PP, Portas anunciou a intenção de regressar à liderança e, depois de quase dois meses de polémicas jurídicas internas, conseguiu ver aprovado o método de eleições directas para a disputa interna.
Desde que voltou à liderança do CDS-PP, em 2007, quando derrotou o ex-líder Ribeiro e Castro, Paulo Portas foi reeleito por duas vezes, em 2009 e em 2011, com mais de 95 por cento dos votos e sem qualquer adversário, em eleições directas. Exceptuando as intercalares de Lisboa em 2007, nas quais sofreu uma pesada derrota, o CDS-PP conseguiu manter ou reforçar os resultados eleitorais nas regionais, europeias e legislativas.
O processo sobre a compra de dois submarinos pelo Governo de Durão Barroso e Paulo Portas ainda “persegue” politicamente o líder do CDS-PP que, em debates ou quando questionado sobre o assunto, defendeu sempre a opção que fez e lembrou que, em termos judiciais, nunca foi chamado a qualquer investigação.
Irmão do eurodeputado do BE Miguel Portas, Paulo Portas estudou no colégio São João de Brito, Lisboa, e licenciou-se em Direito pela Universidade Católica.
Acabou por tornar-se jornalista - uma das opções que lhe apontaram os testes psicotécnicos, além de advogado, político e padre. Católico praticante e amante de cinema, Portas começa na política na JSD, da qual se afasta com a morte de Francisco Sá Carneiro. Funda o semanário “O Independente”, o qual dirige até regressar a uma das suas outras paixões: a política.