Cremes com protecção solar acima de 50 e à prova de água são puro marketing

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Não arriscar uma exposição ao Sol entre as 11h00 e as 16h00 é a melhor forma de protecção Ricardo Silva (arquivo)

Os cremes de protecção solar devem explicar claramente como devem ser aplicados, contra que radiação – UVA ou UVB – protegem e não devem dizer que são resistentes à água. Estas são apenas algumas das alterações que a Food and Drug Administration, a entidade reguladora dos medicamentos nos EUA, quer ver nos rótulos dos protectores solares americanos. E quer também que as marcas admitam que factores de protecção acima do 50 são puro marketing.

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Os cremes de protecção solar devem explicar claramente como devem ser aplicados, contra que radiação – UVA ou UVB – protegem e não devem dizer que são resistentes à água. Estas são apenas algumas das alterações que a Food and Drug Administration, a entidade reguladora dos medicamentos nos EUA, quer ver nos rótulos dos protectores solares americanos. E quer também que as marcas admitam que factores de protecção acima do 50 são puro marketing.

Em primeiro, para serem aprovados como protectores solares os cremes devem ser de protecção contra os dois tipos de radiação solar, o UVA, mais associado ao envelhecimento da pele e ao aparecimento de carcinomas, e o UVB, mais ligado à queimadura solar.

“Estas alterações aos rótulos dos protectores solares são importantes para ajudar os consumidores a terem a informação de que precisam na hora de se defenderem a eles e às suas famílias”, frisa o comunicado da entidade.

Os cremes com um factor de protecção entre o 2 e o 14 terão de informar ainda que não são suficientes para evitar o cancro da pele ou o envelhecimento precoce. Mas não basta comprar um creme entre o factor de protecção 15 e 50 para se expor ao Sol: “Os consumidores não devem encarar o creme como a única barreira de protecção da pele. Também devem ser informados que se deve limitar a exposição ao Sol”.

E acrescentam ainda que os cremes que anunciam um factor de protecção superior a 50 não protegem mais do que os de 50, uma vez que não está cientificamente provado que tal é verdade.

As novas medidas impostas pela FDA, num país onde ocorrem dois milhões de novos casos por ano, serão aplicadas dentro de um ano.

Américo Figueiredo, presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, afirma que as novas regras da FDA não são surpreendentes para os dermatologistas. Mas que seria também conveniente que em Portugal os consumidores tivessem acesso a esta informação quando compram um destes produtos.

“Já existem entre os especialistas no geral essa percepção de que factores de protecção acima dos 50 é puro marketing”, diz o especialista que explica que um factor de protecção de 50 dá uma protecção de cerca de 98 por cento contra a radiação, o que é difícil de superar. E que a diferença entre um factor 30 e um 50 é pouca.

Mas há mais coisas que se deve saber antes de utilizar um protector solar: “Os fabricantes deviam explicar que quantidade se deve pôr para atingir este nível de protecção. Se seguisse à regra o que era indicado tinha de colocar no meu corpo cerca de 30 gramas de creme de cada vez, o que é muito. Logo vou ter menos protecção do que a anunciada.”

E também dá razão à FDA sobre outro aspecto referido nas novas regras, que pede às marcas para que deixem de referir a resistência à agua destes produtos. “Não há nenhum à prova de água. Pode haver uns mais resistentes que outros. Mas as pessoas devem saber que depois de saírem da água devem aplicar protector de novo”.

Pelo sim pelo não, Américo Figueiredo, que critica o facto dos protectores solares serem, na nossa legislação, equiparados a cosméticos e produtos de higiene pessoal, recomenda que se sigam as regras básicas para a protecção contra os efeitos nocivos do Sol na pele: “As crianças até um ano não devem ser expostas ao Sol. Após isso devem usar cremes minerais. E quer as crianças quer os adultos nunca se devem expor ao Sol entre as 11h00 e as 16h00”.

A radiação solar é a principal causa de carcinoma da pele entre os portugueses. “E a incidência tem vindo a aumentar, especialmente entre as classes mais altas, que se expõem mais”, alerta o especialista. Em Portugal ocorrem dez mil novos casos de cancro da pele por ano, entre eles mil melanomas, a forma mais agressiva.

Texto actualizado às 16h15