Forças sírias preparam grande ofensiva em Maarat al-Numaan
Segundo a BBC e a agência Reuters, as forças militares apoiadas por veículos blindados (entre eles tanques) estão a progredir em direcção a Maarat al-Numaan, através da auto-estrada Damasco-Aleppo, aplicando pelo caminho uma política de terra queimada.
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Segundo a BBC e a agência Reuters, as forças militares apoiadas por veículos blindados (entre eles tanques) estão a progredir em direcção a Maarat al-Numaan, através da auto-estrada Damasco-Aleppo, aplicando pelo caminho uma política de terra queimada.
Esta opção já começara no domingo em Jisr al-Shughour e nas vilas e aldeias dos seus arredores. À medida que avançavam no terreno, os militares e outros elementos das forças de segurança - entre eles membros do grupo de elite alauíta shabbiha - vão destruindo tudo o que encontram, desde campos cultivados a habitações. O conceito é uma tradução do chinês Jiao Tu e refere-se à prática de queimar as colheitas para negar ao inimigo fontes de alimento. Com o decorrer dos séculos, alargou a outros recursos como o abrigo, os transportes e as comunicações.
Segundo testemunhos ouvidos pela Reuters, em Jisr al-Shughour os homens de Bashar al-Assad e do seu irmão Maher (comandante da guarda presidencial e de uma temida unidade blindada do Exército) incendiaram campos cultivados, queimaram habitações, destuíram lojas e mataram pelo menos dez camponeses. A cidade foi bombardeada e os soldados patrulharam as ruas disparando rajadas de metralhadora.
O Norte da Síria é um dos principais focos dos protestos contra o regime de Assad e do partido Baas (outro grande centro de contestação situa-se no Sul do país, em Deraa). De Jisr al-Shughour e arredores fugiram, na última semana, sete mil pessoas que cruzaram a fronteira com a Turquia.
Fontes da BBC dizem que esta investida sem precedentes desde o início dos protestos e manifestações, há três meses, se deveu a ter sido ali que começaram a ocorrer deserções no campo dos Assad. Activistas contactados pela BBC falaram ontem à noite de mais um grupo de soldados que recusou disparar contra a população civil - entre 30 e 50.
Mas os dados são imprecisos pois não há jornalistas no terreno; os estrangeiros não estão autorizados a entrar no país e a imprensa local é controlada pelo regime.
Damasco insiste que o que se passa na Síria é uma inssurreição de gangues armados instigada por países estrangeiros que pretendem criar um conflito sectário. Neste país onde existe uma presidência hereditária (Bashar herdou o cargo do pai, Hafez al-Assad), e o poder está nas mãos da elite alauíta (um ramo xiita), quando a maioria da população é sunita.
Desde o início dos protestos contra o regime, terão morrido mais de 1100 pessoas. Uma resolução contra a Síria está desde a semana passada em apreciação no Conselho de Segurança das Nações Unidas e instalou-se o impasse, com a Rússia e a China a advertirem que poderão votar contra, e o Brasil e a Índia a manifestarem-se contra uma posição do Conselho.
Notícia actualizada às 12h00