Juros da dívida grega em máximos históricos em dia de indefinição em Bruxelas

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Jean-Claude Trichet (BCE) com o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, hoje em Bruxelas Thierry Roge/Reuters

Com excepção das obrigações do tesouro (OT) na maturidade a cinco anos, todos os outros prazos batiam novos máximos por volta das 18h.

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Com excepção das obrigações do tesouro (OT) na maturidade a cinco anos, todos os outros prazos batiam novos máximos por volta das 18h.

No caso das OT a dez anos, a maturidade de referência no mercado de dívida secundário, os juros superaram a barreira dos 17,5 por cento, escalada seguida pelas maturidades a três e a dois anos, que quebraram novas barreiras, ao avançar 12,660 por cento e 26,489 por cento, respectivamente.

No prazo a cinco anos, a progressão era também notada: apesar de não ter batido o máximo de 20,01 por cento registado em Abril, caminhava nesse sentido, tendo superado a barreira dos 19 por cento, ao atingir os 19,228 por cento, quando na sexta-feira estava no patamar abaixo, nos 18,641 por cento.

Já ontem as divergências entre o BCE e alguns membros do eurogrupo fizeram subir os juros da dívida dos países periféricos, o que, no caso das obrigações irlandesas, hoje era visível em todos os prazos.

Portugal está hoje a corrigir a escalada, embora tenha batido, esta manhã, novos máximos nas maturidades a cinco e a três anos. Àquela hora, apenas os juros a três e a um ano continuavam a subir ligeiramente, mantendo-se as taxas implícitas às transacções com obrigações a cinco, três e dois anos acima do patamar dos 12 por cento. A descida era também visível nas obrigações do tesouro espanholas (com excepção da maturidade a dois anos).

Tudo em aberto sobre a Grécia

O cenário de incerteza quanto à resposta concreta da Europa para a situação grega mantinha-se à chegada dos ministros das Finanças da zona euro a Bruxelas. O presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, fez questão de frisar que “todas as opções” vão ser discutidas no encontro, mas que nenhuma decisão vai ser tomada hoje.

Do lado alemão, a mesma indefinição. Berlim dizia estar pronta para ajudar na resposta europeia à crise soberana da Grécia, mas pressionava, através do seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, para uma “participação do sector privado” no programa de assistência financeira adicional.

E se o ministro belga das Finanças, Didier Reynders, admite que a nova intervenção europeia e do Fundo Monetário Internacional ronde os 80 mil milhões de euros e Juncker insiste numa “reestruturação suave” da dívida grega, baseada na participação voluntária desses credores privados, o BCE só admite uma reestruturação numa base “puramente voluntária”.

Esta é também a posição francesa e da Comissão Europeia, refere a AFP, mas a Holanda acredita numa participação dos bancos, fundos de pensões ou seguradores numa margem superior a 30 por cento do total do pacote de assistência, admitiu hoje no Parlamento holandês o ministro das Finanças, Jan Kees de Jager.