Lebres, abetardas e sisões “apanhados” a passar para o outro lado

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Imagem de uma lebre captada por câmara fotográfica a 24 de Maio Foto: Liga para a Protecção da Natureza (LPN)

É nos meses de Junho a Agosto que começam a nascer as crias de abetardas e sisões, nos campos de Castro Verde, cultivados com cereal. “Assim que nascem, estas crias não ficam em ninhos, acompanham logo a progenitora em busca de alimento, refúgio ou água. Acontece que, até aos dois meses, estas aves não conseguem voar e ficam encurraladas numa rede de vedações de arame”, explicou ao PÚBLICO Rita Alcazar, responsável da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) pelo projecto LIFE Estepárias, em Castro Verde.

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É nos meses de Junho a Agosto que começam a nascer as crias de abetardas e sisões, nos campos de Castro Verde, cultivados com cereal. “Assim que nascem, estas crias não ficam em ninhos, acompanham logo a progenitora em busca de alimento, refúgio ou água. Acontece que, até aos dois meses, estas aves não conseguem voar e ficam encurraladas numa rede de vedações de arame”, explicou ao PÚBLICO Rita Alcazar, responsável da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) pelo projecto LIFE Estepárias, em Castro Verde.

As crias, do tamanho de uma galinha, não conseguem passar pelos buracos da vedação, tornando-se alvos fáceis para os predadores, como os saca-rabos e raposas, que já se habituaram a procurar animais vulneráveis junto às redes.

Além disso, as vedações são um obstáculo para as paradas nupciais das abetardas, em Março. “Os machos precisam de espaço para estas exibições e para as lutas entre si, através das quais estabelecem hierarquias”, lembrou ainda Rita Alcazar.

Mais de 50 passagens em onze quilómetros de vedações

A LPN está, desde o ano passado, a estabelecer acordos com vários proprietários agrícolas e já instalou 52 passagens para as aves, de modelos diferentes, em cerca de onze quilómetros de vedações, erguidas para delimitar propriedades ou para conter o gado. Desde Março estão a monitorizar a eficácia dos vários tipos de passagem e, para tal foram instaladas cinco câmaras fotográficas, com a ajuda de financiamento da Comissão Europeia. “Estamos a caminho de adquirir outras tantas”, adiantou.

“Ainda estamos em fase de testes mas as primeiras imagens captadas através de armadilhagem fotográfica dão conta que as passagens estão a ser utilizadas pelas abetardas e sisões” mas também por lebres, águias e texugos. Só no final de 2012 a LPN poderá concluir que tipos de passagens são mais eficazes para as aves e que, ao mesmo tempo, cumpram os seus objectivos de contenção e delimitação das propriedades.

O censo anual de abetardas em Castro Verde contabilizou este ano 1300 indivíduos, 645 dos quais são fêmeas. “Este é um número bom e encorajador. Mas revela uma estabilização da população”, responsável por 85 por cento de todas as abetardas do país. Esta é uma espécie classificada como "Em Perigo" pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Segundo a LPN, estas aves – que se alimentam de plantas, sementes e invertebrados - podem chegar aos 16 quilos e a cerca de um metro de altura.