RTP suspende emissões da RDP Internacional em onda curta
“Esta decisão teve por base um conjunto de factores como a diminuição dos ouvintes servidos por esta plataforma de distribuição, os custos acrescidos dos últimos anos e as necessidades de investimentos para melhoria das estações”, explicou em comunicado a RTP.
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“Esta decisão teve por base um conjunto de factores como a diminuição dos ouvintes servidos por esta plataforma de distribuição, os custos acrescidos dos últimos anos e as necessidades de investimentos para melhoria das estações”, explicou em comunicado a RTP.
De acordo com o documento, a situação “não inviabiliza a captação das emissões da RDP Internacional pelos ouvintes”, uma vez que “esta é assegurada através de satélite, cabo, DTH e internet”.
Esta é a alternativa apontada pela RTP, uma vez que tem custos menores e maior qualidade de emissão e serve a esmagadora maioria dos ouvintes da RDP Internacional.
Contudo, segundo o comandante da Marinha Mercante portuguesa Adelino Laranjeira, a decisão de cortar as emissões da RDP Internacional em onda curta “deixa muita gente que anda no mar sem cobertura” de rádio em português.
“Não podemos esquecer que somos 15 milhões de portugueses, dos quais 5 milhões na diáspora, desde o Norte da Europa à Austrália, passando pelas Américas e por África. Ao deixarem a RDP Internacional só na Internet estão a deixar muita gente fora da cobertura”, disse Adelino Laranjeira.
Também o presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, afirmou hoje à Agência Lusa em Macau que a suspensão das emissões da RDP Internacional na Onda Curta é “mais um atropelo” ao interesse da comunidade portuguesa.
Para o responsável, a suspensão das emissões, que entra hoje em vigor, “é quase um pecado mortal contra a comunidade”, até porque há pessoas que “usam muito a Onda Curta”, sustentou, dando o exemplo de quem vive longe dos centros urbanos ou dos camionistas que se encontram fora do país.
“Acho que é mais um daqueles atentados à prestação do serviço à comunidade portuguesa”, avaliou Fernando Gomes, ao notar que, “de uma forma continuada, as políticas oficiais têm sido de supressão e diminuição de prestação de serviço à comunidade portuguesa na diáspora”.
Fernando Gomes considerou, porém, que há outras “formas” de cortar nos gastos: “Porque é que não se suspende a onda média, que é a AM, em vez da onda curta, que tem um alcance extra-continental?”, questionou.
“Ainda por cima, em 2005, foi feito um grande investimento com a criação do centro emissor” de São Gabriel, próximo de Pegões, que “foi, na altura, um investimento de vulto para [que houvesse um] maior alcance do mundo, do universo da onda curta, da comunidade portuguesa pelo mundo fora e agora suspende-se”, criticou.
O corte, para já a título provisório, “vai afectar sempre” alguém, figurando como “mais uma daquelas situações de que quem decide não está a par daquilo que irá consequentemente provocar”, afirmou Fernando Gomes, referindo que o Conselho Permanente “não foi consultado nem ouvido”.
“É uma desconsideração grande da parte de quem manda porque esquecem que a RDP tem uma obrigação de prestação de serviço público”, criticou, ao salientar que, nos últimos cinco anos, não se ouviu qualquer “palavra de agrado ou interesse para a comunidade” vinda do Governo.
Por isso, Fernando Gomes lança um “apelo de consciência” aos emigrantes para que “façam a sua reflexão” na hora de votar, ponderando sobre “quem tem feito bem e quem tem feito mal” aos portugueses no estrangeiro.
Já o presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão considerou positivo o fim das emissões em onda curta, afirmando que “já ninguém ouvia” esse serviço, que era demasiado caro e irrelevante.
Também o Sindicato dos Capitães e Oficiais da Marinha Mercante considera que o fim das emissões da RDP-Internacional em Onda Curta “não é grave” no que toca aos navios nacionais, já que estão “praticamente reduzidos” às distâncias até aos Açores e Madeira.
Notícia actualizada às 10h14