Manuel Pinho defende um novo Bloco Central
O antigo ministro da Economia do Governo PS, que se demitiu em Julho de 2009 na sequência de um gesto (fez uns chifres à bancada do PCP em pleno debate do Estado da Nação), esteve esta noite em Santa Maria da Feira, num comício do PS, para evocar a experiência do Bloco Central nos anos 80.
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O antigo ministro da Economia do Governo PS, que se demitiu em Julho de 2009 na sequência de um gesto (fez uns chifres à bancada do PCP em pleno debate do Estado da Nação), esteve esta noite em Santa Maria da Feira, num comício do PS, para evocar a experiência do Bloco Central nos anos 80.
Lembrou a aliança entre Mário Soares e Mota Pinto, então líderes do PS e do PSD, respectivamente, num Executivo de Bloco Central que governou entre 1983 e 1985. E afirmou: “Perante esta situação difícil há toda a vantagem de ter um Governo com toda a unidade possível.”
Neste contexto, Pinho frisou que a reunião dos anteriores e actual chefes de Estado nas comemorações do 25 de Abril não aconteceu “por acaso”. “Fizeram um apelo à unidade. Não reuniram apenas para não existirem insultos, mas para existir unidade”, afirmou, alertando ainda que “se ao fim de 18 meses não entregarmos a carta a Garcia ficamos como a Grécia, ou pior”.
A intervenção de Manuel Pinho foi bastante aplaudida e teve alguns momentos de humor. O antigo governante, que é agora professor convidado na Universidade de Columbia em Nova Iorque, lembrou que na década de 1980 trabalhou no Fundo Monetário Internacional (“ninguém é perfeito”, brincou) e que nas reuniões em Lisboa, de três em três meses, com Torres Couto, Carvalho da Silva e Ferraz da Costa “todos eram patriotas”. “Aos funcionários do FMI era impossível saber o que se passava em Portugal. Porque eles contavam uma história...”, afirmou.
Pinho citou ainda o ditado “muito medo, menos vergonha” para manifestar a sua surpresa em relação aos “ataques” e “insultos” vindos “daquelas alminhas” do PSD. E comentou: “A crise moral é muito maior do que a crise económica.”
E para ilustrar a tal “crise moral” que existe no país, apresentou um exemplo norte-americano, enganando-se, porém, no cargo de Joe Smith, que, na verdade, é congressista republicano, e não senador: “Vou contar-vos uma história. Eu agora vivo parte do ano nos Estados Unidos e em 2009, quando estava em debate um tema muito fracturante no Senado, a reforma da Saúde de Obama, um senador do Arizona [SIC], Joe Smith, ousou chamar mentiroso ao Presidente Obama. Pois sabem o que fez a bancada dos republicanos? Obrigou-o a levantar-se e pedir desculpas públicas. Não se chamam determinados nomes a um Presidente, a um primeiro-ministro e aqui as palavras que estamos a usar mostram uma crise moral muitíssimo maior do que a crise financeira.”