Portugal condenado 13 vezes no Tribunal Europeu de Direitos do Homem por violação de liberdade de expressão
Segundo o advogado do jornal Público, que participou esta quinta-feira numa conferência sobre a Jurisprudência do TEDH, o Estado português foi condenado por aquela instituição internacional 13 vezes por violação do direito à liberdade de expressão desde 2000: "Essencialmente os casos são à volta de condenações de jornalistas ou políticos à volta de críticas políticas e de expressões violentas e contundentes utilizadas, como aldrabão ou grotesco".
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Segundo o advogado do jornal Público, que participou esta quinta-feira numa conferência sobre a Jurisprudência do TEDH, o Estado português foi condenado por aquela instituição internacional 13 vezes por violação do direito à liberdade de expressão desde 2000: "Essencialmente os casos são à volta de condenações de jornalistas ou políticos à volta de críticas políticas e de expressões violentas e contundentes utilizadas, como aldrabão ou grotesco".
"São expressões que os tribunais portugueses consideraram que deviam criminalizar, mas que o TEDH considerou que no âmbito do debate político e sendo sobre figuras públicas estavam protegidos pela liberdade de expressão", explicou Francisco Teixeira da Mota.
Para o ministro da Justiça, que também participou na conferência organizada pelo Centro de Estudos Judiciários, os casos de condenação no TEDH são "relativamente reduzidos", incluindo os casos de indemnizações pela reforma agrária e da morosidade da Justiça que "estão a ser resolvidos".
Questionado pela agência Lusa sobre como é que as condenações na área do direito da liberdade de expressão podem ser reduzidas, Alberto Martins disse que os processos podem ser limitados "fazendo com que os tribunais tenham uma visão mais protectora da liberdade de imprensa enquanto instrumento de uma sociedade democrática".
"Deve ser feita uma articulação proporcionada dos dois valores [direito de expressão e direito à honra e ao bom nome] tendendo para uma valorização mais determinante da liberdade de imprensa como instrumento fundamental de uma sociedade democrática", disse.
Francisco Teixeira da Mota corroborou a opinião do ministro, lembrando que em todas as condenações o TEDH lembrou a importância da liberdade de expressão numa sociedade democrática: "A grande questão na liberdade de expressão é que deve permitir a circulação de informações tanto correctas como erradas, tanto inteligentes como estúpidas, tanto bonitas como feias, tanto agradáveis como incómodas".
"A liberdade de expressão não é um direito só individual, mas um direito de uma sociedade democrática, onde é preciso que haja liberdade de expressão e de opinião. Uma pessoa só pode ter uma opinião livre e esclarecida se ouvir muitas outras opiniões", sublinhou o advogado.
Questionado pelos jornalistas sobre que leitura fazia do estado da Justiça portuguesa perante estas condenações, o advogado considerou que "muitas vezes os tribunais têm relativamente à liberdade de expressão uma visão minimalista, não é regra, porque muitos tribunais têm uma visão mais expansiva".
Das 13 condenações por violação do direito da liberdade de expressão, seis aconteceram em casos relacionados com política.