Investidores acreditam que a Grécia vai entrar em incumprimento

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Défice grego de 2011 deverá situar-se nos 9,5 por cento Yiorgos Karahalis/Reuters

Quando cresce a especulação quanto à necessidade de a Grécia reestruturar a sua dívida, 85 por cento de 1263 investidores ouvidos esta semana pela agência financeira norte-americana acreditam que Atenas tem fortes probabilidades de entrar em default (sem antecipar como e quando acontecerá).

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Quando cresce a especulação quanto à necessidade de a Grécia reestruturar a sua dívida, 85 por cento de 1263 investidores ouvidos esta semana pela agência financeira norte-americana acreditam que Atenas tem fortes probabilidades de entrar em default (sem antecipar como e quando acontecerá).

E a maioria diz mesmo que Portugal e Irlanda vão pelo mesmo caminho. Embora sejam menos os que apontam para um cenário destes para Portugal, continuam a ser a maioria (59 por cento).

Para James Shugg, economista no Westpac Banking que respondeu ao inquérito da Bloomberg, os três países já resgatados pela União Europeia e o FMI vão precisar “de mais e mais fundos de resgate”, razão pela qual o ponto decisivo será conseguir convencer os credores a participarem no empréstimo.

Hoje, a Comissão Europeia negou que Bruxelas esteja a equacionar uma reestruturação da dívida grega, como dá conta o jornal alemão Die Welt na edição a publicar amanhã, citando fontes da própria Comissão nesse sentido.

O porta-voz do comissário europeu para os assuntos económicos, Amadeu Altafaj, reagiu, entretanto, à notícia do jornal alemão, falando à agência AFP em “abuso de informação” e disse que “uma reestruturação da dívida da Grécia está fora de questão”.

De acordo com o Die Welt, a Alemanha, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estariam prontos para avançar com uma reestruturação da dívida de Atenas face ao agravamento da situação financeira no país. Mas, segundo o mesmo jornal, a França e o Banco Central Europeu (BCE) estarão contra uma reestruturação.

Juergen Stark, membro do conselho executivo do BCE, advertiu hoje para o facto de uma reestruturação acarretar riscos incalculáveis para toda a zona euro.

À AFP, o porta-voz alemão das Finanças não disse mais do que tem sido a posição de Berlim nos últimos dias – o Governo alemão vai esperar pelas conclusões da missão da troika que está neste momento em Atenas a fazer a avaliação intermédia do programa de ajustamento financeiro que o país recebeu há um ano.

Os dados divulgados hoje pela Comissão Europeia sobre Atenas mostram um agravamento económico da Grécia para este e o próximo ano, com o défice revisto em alta para 9,5 por cento para 2011 e uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5 por cento até ao final do ano, acima das últimas estimativas. Apesar de tudo, o Eurostat revelou um crescimento ténue, de 0,8 por cento, nos primeiros três meses do ano, face ao último trimestre de 2010.