A Solidão dos Números Primos
Para a sua estreia na distribuição portuguesa, temos direito ao menos interessante dos três filmes de um dos mais interessantes jovens cineastas transalpinos. Saverio Costanzo, revelado em 2004 pelo excelente "Private" (que em Portugal foi mostrado apenas no Indie) e autor de um "In Memoria di Me" (inédito entre nós) de boa memória, passa ao "patamar superior" de produção com esta adaptação do "best-seller" de Paolo Giordano sobre a atracção elíptica entre dois solitários com traumas de infância, escrita a pensar no formalismo oblíquo do realizador. Costanzo filma magnificamente a inquietação surda que percorre o quotidiano silencioso e tenso da fotógrafa Alice e do cientista Mattia, lidando com famílias sufocantes e círculos sociais que recusam a sua diferença. Mas, por excelente que seja o tratamento formal do filme (todo em atmosferas sublinhadas pela selecção musical de Mike Patton, retirada de uma mão-cheia de bandas-sonoras de filmes italianos de época) e a entrega dos actores (atenção a Isabella Rossellini), é difícil afastar a sensação de que é essa atenção formal que salva "A Solidão dos Números Primos" do convencionalismo; que, sem a intensidade dos silêncios e da angústia que transportam a estrutura propositadamente não-linear, ele não existiria. O que é mais sintomático do talento do realizador do que do interesse do filme em si.
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Para a sua estreia na distribuição portuguesa, temos direito ao menos interessante dos três filmes de um dos mais interessantes jovens cineastas transalpinos. Saverio Costanzo, revelado em 2004 pelo excelente "Private" (que em Portugal foi mostrado apenas no Indie) e autor de um "In Memoria di Me" (inédito entre nós) de boa memória, passa ao "patamar superior" de produção com esta adaptação do "best-seller" de Paolo Giordano sobre a atracção elíptica entre dois solitários com traumas de infância, escrita a pensar no formalismo oblíquo do realizador. Costanzo filma magnificamente a inquietação surda que percorre o quotidiano silencioso e tenso da fotógrafa Alice e do cientista Mattia, lidando com famílias sufocantes e círculos sociais que recusam a sua diferença. Mas, por excelente que seja o tratamento formal do filme (todo em atmosferas sublinhadas pela selecção musical de Mike Patton, retirada de uma mão-cheia de bandas-sonoras de filmes italianos de época) e a entrega dos actores (atenção a Isabella Rossellini), é difícil afastar a sensação de que é essa atenção formal que salva "A Solidão dos Números Primos" do convencionalismo; que, sem a intensidade dos silêncios e da angústia que transportam a estrutura propositadamente não-linear, ele não existiria. O que é mais sintomático do talento do realizador do que do interesse do filme em si.