Maioria dos portugueses defende que touradas favorecem imagem do país no exterior
A sondagem, a que o PÚBLICO teve acesso, feita pela empresa Eurosondagem e que reuniu 1133 entrevistas, revela que 56,5 por cento dos inquiridos concordam com a actual legislação do sector e que 59,3 por cento entendem que os espectáculos taurinos contribuem de forma positiva para a imagem do país.
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A sondagem, a que o PÚBLICO teve acesso, feita pela empresa Eurosondagem e que reuniu 1133 entrevistas, revela que 56,5 por cento dos inquiridos concordam com a actual legislação do sector e que 59,3 por cento entendem que os espectáculos taurinos contribuem de forma positiva para a imagem do país.
"Não fico surpreendido com os números da sondagem e com o facto de os portugueses serem favoráveis aos espectáculos taurinos", disse ao PÚBLICO o presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), Paulo Pessoa de Carvalho, salientando que as corridas de touros constituem uma "forte identidade nacional".
O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, prefere realçar as vantagens directas e indirectas associadas à tauromaquia. "O share das transmissões de corridas de touros só é batido pelas transmissões dos jogos de futebol. Talvez esses números ajudem a explicar o porquê de haver cada vez mais gente e mais jovens a frequentar as praças de touros, e foram 700 mil em 2010", diz.
"Muito proactivos" contraElísio Summavielle, referindo-se à componente económica, diz ainda que há "cerca de quatro mil famílias que vivem da tauromaquia" e que esta é uma actividade "auto-suficiente, com a qual o Ministério da Cultura não despende um cêntimo, apesar de todos os anos se efectuarem obras nas praças de touros para melhorar enfermarias, locais para os espectadores e animais".
No lado oposto da barreira está a presidente da Associação Animal, Rita Silva, que lembra que "as touradas até podem ser espectáculos tradicionais e culturais, mas isso não significa que sejam bons". A activista, que hoje mesmo marcará presença em mais uma acção de protesto no Campo Pequeno, diz que há países onde existem "outras culturas, tradições e leis que permitem e mandam cortar as mãos a quem rouba ou aceitam, por exemplo, a mutilação genital feminina".
O presidente da APET e responsável pela Protoiro, grupo que inclui não só os empresários, mas ainda as associações de forcados, toureiros e criadores de touros de lide, comentando os resultados da sondagem - onde 32,8 por cento dos inquiridos referem não ser aficionados, mas nada terem contra os que gostam dos espectáculos tauromáquicos -, diz ainda que grupos como a Animal "são muito proactivos, quase a roçar o extremismo e capazes de argumentar que esta percentagem de pessoas é contra os touros". "A verdade é que tem havido muita manipulação dos números e estes demonstram que apenas 11 por cento dos portugueses são contrários aos espectáculos taurinos", refere.
"Os números dessa sondagem não correspondem ao feedback que temos. O que sabemos é que as sondagens nem sempre correspondem ao que se passa no país real. Mas mesmo que houvesse 99,9 por cento das pessoas a manifestarem-se a favor das touradas, isso não invalidava que as touradas fossem consideradas um espectáculo bárbaro e cruel", defende Rita Silva.