Praça Tahrir volta a ser palco de manifestações
Dois meses depois de Mubarak ter sido deposto, milhares de manifestantes encheram o centro do Cairo para pedir o julgamento de elementos do antigo regime e exigir reformas ao Exército que, desde a queda do ditador, assumiu o poder, sob a liderança do marechal Mohamed Hussein Tantawi. “O povo quer julgar o Presidente deposto”, gritavam.
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Dois meses depois de Mubarak ter sido deposto, milhares de manifestantes encheram o centro do Cairo para pedir o julgamento de elementos do antigo regime e exigir reformas ao Exército que, desde a queda do ditador, assumiu o poder, sob a liderança do marechal Mohamed Hussein Tantawi. “O povo quer julgar o Presidente deposto”, gritavam.
Naquele que já foi chamado o “Dia do Julgamento e da Limpeza”, os manifestantes empunharam bandeiras e cartazes, mostrando-se cansados de esperar pelo cumprimento das promessas de reforma e de justiça.
Sete oficiais do Exército, de acordo com a AFP, decidiram juntar-se aos protestos pedindo também o julgamento dos antigos membros do regime. “As nossas exigências são as vossas exigências. Queremos um Governo civil”, disse um dos oficiais. “Queremos o julgamento de pessoas corruptas”, acrescentou.
“Queremos que nos ajudem a purificar a instituição militar”, disse ainda outro oficial. “Ficaremos na praça até que as nossas exigências sejam satisfeitas. Se sairmos antes disso, saibam que saímos contra a nossa vontade”.
Mas o Conselho Supremo das Forças Armadas não terá gostado da atitude dos elementos do Exército e avisou que quem quer que se juntasse às manifestações com uniforme militar iria enfrentar julgamento num tribunal militar.
Muitos membros das Forças Armadas acusam o Conselho de ter desviado os objectivos da revolução e pedem a demissão de vários dos seus elementos.
Os protestos são regulares desde a queda de Mubarak, a 11 de Fevereiro, mas esta semana deverão aumentar com a adesão da Irmandade Muçulmana – o maior e mais bem organizado movimento da oposição.
Mike Hanna, um repórter da Al-Jazira no local, declarou que “ao contrário de outras ocasiões, esta é uma manifestação representativa dos movimentos políticos egípcios, incluindo a poderosa Irmandade Muçulmana, que tem estado afastada dos últimos protestos dizendo que iria dar mais tempo ao Conselho para satisfazer as exigências do povo”.
O correspondente da estação televisiva disse ainda que os manifestantes pediam também a demissão do chefe do Exército, que acusam de falta de acção. “"Tantawi, Tantawi organiza-te ou queres uma piscina de sangue?”, gritavam os manifestantes.
“O objectivo deste protesto não é criticar ou revoltar, mas exprimir um sentimento de frustração pelo tardar em levar a julgamento aqueles que são responsáveis pela corrupção”, explicou um dos manifestantes citado pelo “The Guardian”.