MNE da Líbia interrogado pelas autoridades do Reino Unido

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Koussa era o braço direito de Muammar Khadafi Chris Helgren/Reuters

A deserção de Moussa Koussa, até agora o chefe da diplomacia de Khadafi, foi confirmada nesta quinta-feira em conferência de imprensa pelo porta-voz do regime líbio, Moussa Ibrahim, que adiantou ter sido pedida por Koussa uma autorização para deixar o país e realizar exames médicos na Tunísia. A viagem do chefe da diplomacia líbio, cujo aparecimento em Londres terá surpreendido o regime, já foi considerada pela Casa Branca um “duro golpe” para Khadafi.

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A deserção de Moussa Koussa, até agora o chefe da diplomacia de Khadafi, foi confirmada nesta quinta-feira em conferência de imprensa pelo porta-voz do regime líbio, Moussa Ibrahim, que adiantou ter sido pedida por Koussa uma autorização para deixar o país e realizar exames médicos na Tunísia. A viagem do chefe da diplomacia líbio, cujo aparecimento em Londres terá surpreendido o regime, já foi considerada pela Casa Branca um “duro golpe” para Khadafi.

Só horas depois de ter sido noticiada a saída de Koussa é que o porta-voz do regime de Khadafi a confirmou, numa conferência de imprensa ao início da tarde em que disse que o até agora ministro dos Negócios Estrangeiros sofre de tensão arterial e diabetes. “Ele pediu autorização para realizar exames médicos na Tunísia e teve permissão. Depois percebemos que decidiu abandonar o seu posto. É uma decisão pessoal porque a Líbia não depende de indivíduos”, adiantou o porta-voz do regime de Khadafi.
A saída de Koussa foi um “rude golpe” para Muammar Khadafi, considerou Tommy Vietor, porta-voz da Casa Branca. “Era um dos homens em quem Khadafi tinha mais confiança”, adiantou. “As pessoas que rodeiam Khadafi devem escolher entre permanecer ligadas a um regime que perdeu toda a legitimidade e assumir as consequências ou colocar-se do lado certo da história”.

Os rebeldes que desde meados de Fevereiro combatem as forças de Khadafi também consideraram em comunicado que o facto de Koussa se ter afastado é “um duro golpe para o tirano”.

As autoridades britânicas estão a interrogá-lo para confirmar a sua vontade de se demitir e abandonar o regime de Khadafi e, sobretudo, para tentar obter informações que possam ajudar a coligação internacional na sua intervenção militar.

Procuradores escoceses também já adiantaram que querem interrogar Koussa sobre o atentado de Lockerbie, em Dezembro de 1988, quando uma explosão num voo da companhia Pan Am que seguia de Londres para Nova Iorque causou a morte de cerca de 270 pessoas. As autoridades escocesas têm estado a investigar o atentado e no passado dia 24 de Fevereiro o antigo ministro da Justiça de Khadafi, Mustafa Abdel-Jalil, acusou o líder líbio de ter estado pessoalmente envolvido.

William Hague, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, declarou em conferência de imprensa que o ex-ministro líbio dos Negócios Estrangeiros viajou para o Reino Unido de livre vontade e que o Governo iria fornecer informações detalhadas, mais tarde. Hague adiantou também que Koussa não irá receber qualquer tipo de imunidade diplomática da justiça britânica ou internacional.

O chefe da diplomacia inglesa revelou ainda que Koussa era o seu “canal de comunicação com o regime [líbio]” e acrescentou que tinha falado com o ex-ministro várias vezes durante as últimas semanas.

“A sua demissão mostra que o regime de Khadafi está fragamentado e sob pressão”, disse Hague, sublinhando que todos deveriam seguir o exemplo do agora demitido ministro dos Negócios Estrangeiros líbio. “Khadafi deve perguntar-se a si mesmo quem será o próximo a abandoná-lo”.

De acordo com o ministro britânico, Moussa Koussa está num local seguro e estão ser discutidas as suas opções e as do Reino Unido sobre como proceder depois desta demissão.

Segundo um correspondente do “The Guardian” em Bengasi, os rebeldes líbios vêem com bons olhos a demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros do país mas querem-no de volta para um julgamento na Líbia, acusando-o de ter “sangue nas mãos” e de ter supervisionado o assasínio de muitas figuras de oposição ao regime de Khadafi.

A demissão de Moussa Koussa, braço direito de Khadafi, é considerado o golpe mais duro ao regime do ditador líbio, desde o começo da onda de contestação há cerca de um mês e meio. Uma fonte próxima do regime em Trípoli revelou que Koussa era a última pessoa que considerava capaz “de deixar cair Khadafi”. “Ele pode ser muito prejudicial ao regime se fornecer informações aos ocidentais”, acrescentou.

Notícia actualizada às 17h05