Protesto Geração à Rasca juntou entre 160 e 280 mil pessoas só em Lisboa e Porto

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Manifestação transformou-se num protesto de todas as gerações Daniel Rocha

O Protesto Geração à Rasca foi inicialmente convocado por quatro jovens, através da Internet, para Lisboa e Porto, com um manifesto apelando à participação de “desempregados, ‘quinhentoseuristas’ e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal”.

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O Protesto Geração à Rasca foi inicialmente convocado por quatro jovens, através da Internet, para Lisboa e Porto, com um manifesto apelando à participação de “desempregados, ‘quinhentoseuristas’ e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal”.

Mas o que se viu hoje nas ruas foi algo muito além da geração mais jovem, a reclamar pelo seu futuro.

Em Lisboa, uma das 11 cidades onde decorreu o protesto, o desfile chegou ao Rossio por volta das 16h30, com um cordão de gente que nunca parou de crescer e que quase encheu a Avenida da Liberdade.

No Porto, a multidão obrigou a um plano B, para desviar o desfile para a Avenida dos Aliados.

A manifestação estava prevista para terminar na praça D. João I, mas a afluência de pessoas foi tão grande que os participantes, de todas as idades, seguiram para a Avenida dos Aliados, onde havia uma extensa lista de espera de inscrições para discursar.

Em Lisboa, o desfile começou de forma discreta, mas pessoas de todos os quadrantes políticos, da extrema-esquerda, à extrema-direita (embora sem políticos conhecidos presentes), de todas as idades, muitos reformados, muitos pais com crianças na mão e vários movimentos de cidadãos juntaram-se ao protesto.

Magalhães de Campos, 79 anos, vendedor reformado, quer um futuro para a juventude. Diana Simões, 19 anos, estudante de Direito, não quer empregos precários, nem recibos verdes. Alcino Pereira, 27 anos, carpinteiro no desemprego, quer um emprego. Estas são as razões de alguns dos manifestantes que abriram o desfile em Lisboa, que foi ganhando corpo à medida que o protesto descia a Avenida.

Com muita música, os manifestantes iniciaram de forma pacifica o desfile em frente ao cinema São Jorge, rumo ao Rossio.

Não havia figuras conhecidas da política portuguesa nas primeiras filas do desfile. Mas viam-se alguns políticos em meio aos manifestantes. O PCP fez-se representar pelos seus deputados mais jovens, Rita Rato, João Oliveira, Miguel Tiago e Bruno Dias. Também presentes estavam alguns elementos do Bloco de Esquerda, como a deputada Helena Pinto.

O desfile foi animado por palavras de ordem como "com precariedade não há liberdade", "fora com os ladrões" e "Portugal, Portugal, Portugal".

Em Coimbra a diversidade das gerações que se juntaram foi a marca da manifestação. Estudantes, professores contratados, pais ou irmãos de trabalhadores precários foram-se revezando na Praça da República, que nunca chegou a encher. A meio da tarde, iniciaram uma marcha não prevista em direcção à Câmara. A palavra de ordem: "O Povo unido jamais será vencido".

Antes, em Lisboa, por volta das 15h25, fez-se um estranho silêncio na marcha, quando um grupo de cerca de 20 jovens de cabeças rapadas e bandeiras negras chegaram à manifestação. Questionados pelos jornalistas sobre que movimento representavam, limitaram-se a dizer: "somos nacionalistas”. Este grupo acabou por entrar na coluna da manifestação sem problemas.

Houve ainda manifestações em outras cidades, como Braga, Faro, Castelo Branco, Funchal, Ponta Delgada e Leiria. Até fora do país houve protestos, como em Barcelona.

Numa iniciativa distinta, os professores realizaram hoje, em Lisboa, um plenário no Campo Pequeno, em protesto contra o Ministério da Educação.

Última actualização às 20h45