Michael Cunningham parte dos sonhos para a escrita e busca a beleza
O romancista norte-americano Michael Cunningham trabalha de manhã, porque gosta de partir dos sonhos para a escrita, e defende que as suas personagens procuram a beleza porque é o que toda a humanidade faz.
Foi o que disse perante o auditório cheio da Fnac Chiado na segunda-feira à noite, onde se encontrou com os críticos Nuno Galopim e João Lopes para falar sobre a sua literatura e responder às perguntas dos leitores.
Inquirido sobre como é o seu ambiente de trabalho, Michael Cunningham - que se encontra em Lisboa para apresentar o mais recente romance, "Ao Cair da Noite", publicado em Portugal pela Gradiva - respondeu, com humor: "Sou quase grotescamente disciplinado, e isso não é uma virtude. Venho de uma família de enorme disciplina. Tenho tentado educar-me para ser menos disciplinado".
"Escrevo de manhã, porque gosto de partir dos sonhos para a escrita, e nunca à noite. Não escrevo coisas em guardanapos de papel e nunca vou para uma festa pensar ‘oh, isto era muito útil para o meu romance'", explicou.
Sobre a beleza, um valor que as suas personagens procuram, o escritor, que venceu com o anterior romance, As Horas o Prémio Pulitzer 1999, afirmou que "o trabalho da escrita é também o da procura da beleza" e concluiu com uma pergunta: "Não é isso que todos procuramos?".
Em As Horas, bem como em Dias Exemplares (2005, Gradiva), Cunningham escreve sobre escritores - Virginia Woolf e Walt Whitman, respetivamente -, uma escolha que justificou com o facto de ser "um leitor inveterado".
"Sou um obcecado por livros, um grande leitor, e para mim, a experiência de ler Walt Whitman ou Virginia Woolf pela primeira vez foi tão intensa como a primeira vez que me apaixonei", observou.
Michael Cunningham, de 58 anos, não começou a escrever e a publicar muito cedo, porque -- como descreveu -- gastou a sua década dos 20 em "amor e outras drogas" e, de repente, quando chegou aos 30, acordou e achou que estava na altura de ter uma carreira, o que também não se revelou muito fácil, ao início, tendo algumas editoras rejeitado os seus primeiros escritos.
"Pronto, eu não sou só demasiado disciplinado, sou também demasiado confiante e, por isso, pensava ‘vão-se lixar por não publicarem esta história!'", admitiu, provocando gargalhadas na audiência.
Ainda considerou a hipótese de optar "pelo ensino ou pelo bailado", mas finalmente um dos seus contos foi publicado na prestigiada revista The New Yorker e, a partir daí, "as coisas começaram a acontecer".
O escritor nova-iorquino falou ainda da sua admiração pelo actual Presidente norte-americano, Barack Obama, embora seja crítico em relação a alguns aspectos da sua administração - como Guantanamo ou o direito dos homossexuais ao casamento, uma causa pela qual se tem batido, como membro da comunidade gay.
Outro aspecto abordado no encontro foi o papel da doença na sua obra, uma característica que justificou assim: "Como um gay que sobreviveu à epidemia de sida, sinto-me como se tivesse estado na guerra. E como é que poderia não escrever sobre isso? Faz parte da minha vivência, é natural que se reflicta no meu trabalho".
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O romancista norte-americano Michael Cunningham trabalha de manhã, porque gosta de partir dos sonhos para a escrita, e defende que as suas personagens procuram a beleza porque é o que toda a humanidade faz.
Foi o que disse perante o auditório cheio da Fnac Chiado na segunda-feira à noite, onde se encontrou com os críticos Nuno Galopim e João Lopes para falar sobre a sua literatura e responder às perguntas dos leitores.
Inquirido sobre como é o seu ambiente de trabalho, Michael Cunningham - que se encontra em Lisboa para apresentar o mais recente romance, "Ao Cair da Noite", publicado em Portugal pela Gradiva - respondeu, com humor: "Sou quase grotescamente disciplinado, e isso não é uma virtude. Venho de uma família de enorme disciplina. Tenho tentado educar-me para ser menos disciplinado".
"Escrevo de manhã, porque gosto de partir dos sonhos para a escrita, e nunca à noite. Não escrevo coisas em guardanapos de papel e nunca vou para uma festa pensar ‘oh, isto era muito útil para o meu romance'", explicou.
Sobre a beleza, um valor que as suas personagens procuram, o escritor, que venceu com o anterior romance, As Horas o Prémio Pulitzer 1999, afirmou que "o trabalho da escrita é também o da procura da beleza" e concluiu com uma pergunta: "Não é isso que todos procuramos?".
Em As Horas, bem como em Dias Exemplares (2005, Gradiva), Cunningham escreve sobre escritores - Virginia Woolf e Walt Whitman, respetivamente -, uma escolha que justificou com o facto de ser "um leitor inveterado".
"Sou um obcecado por livros, um grande leitor, e para mim, a experiência de ler Walt Whitman ou Virginia Woolf pela primeira vez foi tão intensa como a primeira vez que me apaixonei", observou.
Michael Cunningham, de 58 anos, não começou a escrever e a publicar muito cedo, porque -- como descreveu -- gastou a sua década dos 20 em "amor e outras drogas" e, de repente, quando chegou aos 30, acordou e achou que estava na altura de ter uma carreira, o que também não se revelou muito fácil, ao início, tendo algumas editoras rejeitado os seus primeiros escritos.
"Pronto, eu não sou só demasiado disciplinado, sou também demasiado confiante e, por isso, pensava ‘vão-se lixar por não publicarem esta história!'", admitiu, provocando gargalhadas na audiência.
Ainda considerou a hipótese de optar "pelo ensino ou pelo bailado", mas finalmente um dos seus contos foi publicado na prestigiada revista The New Yorker e, a partir daí, "as coisas começaram a acontecer".
O escritor nova-iorquino falou ainda da sua admiração pelo actual Presidente norte-americano, Barack Obama, embora seja crítico em relação a alguns aspectos da sua administração - como Guantanamo ou o direito dos homossexuais ao casamento, uma causa pela qual se tem batido, como membro da comunidade gay.
Outro aspecto abordado no encontro foi o papel da doença na sua obra, uma característica que justificou assim: "Como um gay que sobreviveu à epidemia de sida, sinto-me como se tivesse estado na guerra. E como é que poderia não escrever sobre isso? Faz parte da minha vivência, é natural que se reflicta no meu trabalho".