Há um oficial suspeito do roubo das armas no quartel da Carregueira mas faltam as provas
Após o desaparecimento das armas na Carregueira (o quartel está ocupado pelos Comandos), todas as forças policiais portuguesas participaram numa reunião de trabalho e trocaram informações, mesmo antes de ter sido decidido que a titular das investigações seria a Polícia Judiciária Militar (PJM).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Após o desaparecimento das armas na Carregueira (o quartel está ocupado pelos Comandos), todas as forças policiais portuguesas participaram numa reunião de trabalho e trocaram informações, mesmo antes de ter sido decidido que a titular das investigações seria a Polícia Judiciária Militar (PJM).
No decurso desse encontro, no qual também esteve um representante do Serviço de Informações e Segurança (SIS), foi possível concluir que um militar, um oficial de baixa patente, já fora anteriormente referenciado como possível traficante de armas. Este militar, segundo foi possível apurar, terá sido um dos principais alvos do interrogatório que, nos dias seguintes à descoberta do roubo (ocorreu, supostamente, entre o Natal e a passagem de ano), teve lugar no quartel e abrangeu todo o efectivo do quartel.
Uma outra pista que ainda está a ser investigada assenta em escutas telefónicas onde dois homens, supostamente ligados a outro tipo de criminalidade, acabam por falar na possibilidade de efectuar um negócio de "ferros", nome que na gíria significa pistolas.
Apesar de todas as suspeitas, e mal-grado toda a troca de informações com outras forças policiais europeias, a PJM não conseguiu reunir provas relativamente aos suspeitos seleccionados. Do mesmo modo não foi localizada nenhuma das quatro metralhadoras ou das seis pistolas. Surgiram, contudo, rumores acerca do número de armas que terão sido roubadas (a arrecadação foi aberta por alguém que conhecia o código de segurança da porta). Fontes contactadas pelo PÚBLICO admitem que no local estaria outro tipo de armamento considerado mais sofisticado e mais valioso do que o que foi declarado.
Nos dias que se seguiram ao roubo da Carregueira, a PSP, em duas operações feitas quase em simultâneo, anunciava a recuperação de inúmeras armas de guerra. A mais vultuosa terá sido feita na área de Vila Franca de Xira, a segunda, referente a uma arma totalmente nova, teve lugar na Amadora. No caso desta última, uma metralhadora com bipé, tudo terá acontecido a partir de uma denúncia efectuada por alguém a quem a arma fora entregue para vender. O vendedor não foi identificado, mas a arma foi deixada num local ermo, combinado com a polícia, e embrulhada em diversas toalhas.
A partir dessa data não mais se falou no armamento, até que na segunda-feira a imprensa espanhola, falando do assalto ao Regimento Castilla da Base General Menacho, em Bótoa, Badajoz, dava conta que os assaltantes teriam fugido para Portugal. Esta informação, relatada pelo jornal El Mundo, já fora comunicada às polícias portuguesas pelas autoridades espanholas.
Segundo a imprensa espanhola te- rão sido roubadas em Badajoz 20 es- pingardas HK (iguais às que foram roubadas na Carregueira) e dez pistolas. Tal como em Portugal, o local on- de as armas estavam guardadas, possui alarme. A central diz que o mesmo não tocou. Presume-se que os assaltantes terão sido ajudados por alguém que conhecia bem as instalações, uma vez que se dirigiram de imediato para o local onde as armas estavam guardadas. Tal como aconteceu na Carregueira.