Obras públicas são a principal actividade das empresas portuguesas presentes na Líbia
É o caso da Consulgal, consultora que presta serviços de fiscalização em construção e obras públicas na Lí- bia desde 2008, e que tem no país uma empresa de direito local. Rui Martins, da direcção internacional do grupo, indicou que alguns dos cerca de 20 trabalhadores expatriados já tinham regressado, mas a maioria tinha viagem prevista ainda ontem ou hoje, tudo tratado directamente pela empresa. "Soubemos do envio do C-130 pela comunicação social. Não tivemos qualquer contacto da parte da embaixada", disse ao PÚBLICO.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
É o caso da Consulgal, consultora que presta serviços de fiscalização em construção e obras públicas na Lí- bia desde 2008, e que tem no país uma empresa de direito local. Rui Martins, da direcção internacional do grupo, indicou que alguns dos cerca de 20 trabalhadores expatriados já tinham regressado, mas a maioria tinha viagem prevista ainda ontem ou hoje, tudo tratado directamente pela empresa. "Soubemos do envio do C-130 pela comunicação social. Não tivemos qualquer contacto da parte da embaixada", disse ao PÚBLICO.
Rui Martins acrescentou ainda que o regresso dos trabalhadores deve-se principalmente aos conselhos do Governo português e das autoridades europeias, uma vez que as informações que estavam a receber sobre os acontecimentos na capital líbia não eram para já preocupantes. "Não não temos indicações de turbulência em Trípoli", assegurou este responsável, ao início da tarde (hora de Lisboa).
Também os seis trabalhadores portugueses da Way2b, um agrupamento complementar de empresas (ACE) de construção civil e obras públicas, estavam ontem no aeroporto de Trípoli e preparavam-se para regressar a Portugal. Este agrupamento empresarial está responsável pelo desenvolvimento e construção de dois pólos universitários no país, um dos quais em Bengasi.
Quanto à portuguesa Zagope, que pertence ao grupo brasileiro Andrade Gutierrez e tem no país uma equipa de 30 trabalhadores expatriados, informou ontem que aqueles que tinham manifestado vontade de voltar para Portugal tinham embarcado no C-130 enviado pelas autoridades. Já antes, as respectivas famílias tinham viajado num voo comercial, indicou a empresa.
Fora da área de construção, o Banco Espírito Santo tem também um investimento importante num banco privado local e uma equipa de trabalhadores em Trípoli. Em causa está o Aman Bank, sociedade onde em Outubro passado o BES adquiriu 40 por cento das acções e na qual assegura a gestão, através de uma equipa de oito portugueses. O porta-voz do banco não confirmou todavia se estes gestores iriam voltar. A presença de portugueses na Líbia estende-se a oito jovens licenciados que estavam a estagiar em empresas no país, ao abrigo do programa INOV Contacto, que estão também de regresso a Portugal.As relações económicas com a Líbia cresceram nos últimos anos, incentivadas por várias deslocações lideradas por José Sócrates, em missões empresariais. As exportações nacionais têm crescido de forma significativa e somaram no ano passado quase 50 milhões de euros, indicou ao PÚBLICO o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta.
Ainda assim, o comércio com Portugal é dominado pelas importações de petróleo, até porque a Líbia é um dos maiores vendedores mundiais desta matéria-prima. O país está entre os três maiores vendedores de crude a Portugal e é em termos globais o 12.º maior fornecedor de bens às empresas portuguesas, nomeadamente à Galp Energia.
Já o investimento directo português está a sofrer com os sentimentos de insegurança na região: a AICEP teve de desmarcar uma feira de empresas portuguesas prevista para Trípoli, por falta de interesse da maioria dos empresários. Por outro lado, há fir- mas nacionais com actividade na Líbia que "têm tido algumas dificuldades em termos de pagamentos", indicou Basílio Horta. Ainda hoje, deverá chegar a Trípoli um representante da AICEP, para avaliar a situação. A agência tem também um responsável na Argélia e teme que a feira empresarial prevista para Maio ou Junho naquele país possa ser anulada devido à instabilidade.