Freira espanhola expulsa de convento por causa do Facebook
Tudo começou quando, ao cabo de 24 anos frente ao arquivo, María Jesús Galán conseguiu vencer a resistência das suas companheiras e adquiriu um computador. Daí à Internet e às redes sociais foi um passo. Com recurso às novas tecnologias conseguiu catalogar e digitalizar quase todo o arquivo do convento, que conta 119 livros e mais de 3000 documentos, indica o ABC.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Tudo começou quando, ao cabo de 24 anos frente ao arquivo, María Jesús Galán conseguiu vencer a resistência das suas companheiras e adquiriu um computador. Daí à Internet e às redes sociais foi um passo. Com recurso às novas tecnologias conseguiu catalogar e digitalizar quase todo o arquivo do convento, que conta 119 livros e mais de 3000 documentos, indica o ABC.
Graças a este seu labor, o governo regional tinha reconhecido em Maio no ano passado os méritos de Galán - conhecida por “soror Internet” -, pelo seu trabalho de catalogação de documentos e livros da biblioteca conventual, pela contribuição para a difusão destes documentos pela Internet e pela introdução de tecnologias num ambiente tradicional.
Numa das suas múltiplas entrevistas após ter recebido o prémio, María Jesús Galán dizia sentir-se “muito orgulhosa” de ser freira no convento Santo Domingo el Real e dizia ainda sentir-se “plenamente realizada” como religiosa.
Acontece, porém, que onde outros viram interesse e diligência, as companheiras de mosteiro de María Jesús Galán viram uma tensão insuportável e um mal-estar crescente.
Na passada terça-feira, chegou a notícia, no próprio mural do Facebook de María Jesús Galán: “Expulsaram-me. Umas quenianas tornaram a minha vida impossível. A inveja pregou-me uma partida e elas ganharam. Hoje, o delegado da Vida Religiosa, junto com a madre prioresa e outras duas freiras, decidiram que eu teria que sair para que ficassem tranquilas as quenianas. Não têm vocação, mas vêm buscar dinheiro para as famílias. Não vale a pena meter o dedo na ferida. Estou em paz e sem nenhum tipo de rancor”.
Sabe-se que no mosteiro vivem 14 freiras estrangeiras, algumas oriundas de África e da Ásia.
O arcebispado de Toledo recusou-se a comentar o caso, considerando-o um assunto da “vida interna” da comunidade religiosa.
A notícia da expulsão da freira provocou protestos nas redes sociais e muitos internautas, de diferentes partes do mundo, deixaram no mural de María Jesús Galán mensagens de apoio.
Sabe-se que, depois da expulsão, María Jesús Galán, que cumpriu 54 anos no passado dia 1 de Janeiro - segundo o ABC - já foi inscrever-se no instituto de emprego.
A freira diz agora que poderá finalmente conhecer Londres e Nova Iorque, viagens que não poderia cumprir se tivesse continuado a viver no convento de Santo Domingo el Real, fundado no século XIV.