Centenas contestam cortes no transporte de doentes não urgentes em Montemor-o-Novo

“Temos muitos casos concretos de doentes que estão sem transporte e que até já deixaram de ir a consultas e tratamentos”, adiantou Sandra Matias, porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Montemor-o-Novo, que convocou a concentração.

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“Temos muitos casos concretos de doentes que estão sem transporte e que até já deixaram de ir a consultas e tratamentos”, adiantou Sandra Matias, porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Montemor-o-Novo, que convocou a concentração.

O despacho do secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, que entrou em vigor a 1 de Janeiro, determina que o acesso ao transporte pago pelo Ministério da Saúde passa a ter que responder obrigatoriamente a dois requisitos: prescrição clínica e insuficiência económica.

De acordo com a porta-voz da comissão, a medida do Ministério da Saúde afecta “pessoas que têm reformas muito baixas, entre 250 a 300 euros por mês” e que “não conseguem pagar 32 euros de transporte para Évora e 120 para Lisboa”.

“Com a reforma que estas pessoas têm, ou vão às consultas e tratamentos ou compram medicamentos ou comem, porque o dinheiro não chega para tudo”, afirmou, considerando que os cortes no transporte de doentes “tem consequências gravíssimas para a população”.

Segundo a porta-voz do movimento de utentes, este problema atinge também os Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo, que “passaram de uma média de 15 serviços diários para apenas um”.

Sandra Matias explicou que a concentração serviu também para contestar o eventual encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do centro de saúde de Montemor-o-Novo.

“Temos um concelho muito extenso e algumas freguesias ficam a 30 quilómetros de Montemor-o-Novo. Se os doentes passam a ir para o Hospital de Évora, têm de percorrer cerca de 60 quilómetros”, advertiu.

Caso não sejam ouvidos pelo Ministério da Saúde, os promotores da concentração de hoje prometem organizar “novas formas de luta”, apesar de ainda não estar definida qualquer data para um novo protesto.