Carros mais poluentes proibidos na Baixa de Lisboa a partir do Verão
O objectivo é que a zona mais castigada pela poluição, a Avenida da Liberdade, passe a cumprir as normas europeias de poluição atmosférica. Assim, as viaturas que não tenham motores pelo menos da categoria Euro I no que respeita à emissão de partículas só poderão circular na Baixa ao fim-de-semana.
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O objectivo é que a zona mais castigada pela poluição, a Avenida da Liberdade, passe a cumprir as normas europeias de poluição atmosférica. Assim, as viaturas que não tenham motores pelo menos da categoria Euro I no que respeita à emissão de partículas só poderão circular na Baixa ao fim-de-semana.
Estes carros não têm catalisador, peça que faz o tratamento das emissões poluentes. O seu fabrico data de há cerca de duas décadas. “Nem sequer sabia que ainda havia carros destes a circularem”, reage o presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa, que apoia a medida. “Serão sobretudo táxis e carrinhas de distribuição muito velhinhas a serem afectadas”.
Segundo o vereador Nunes da Silva, metade da poluição que existe no eixo Avenida da Liberdade-Baixa é produzida por este tipo de veículos. Daí a necessidade de criação de uma zona de baixa emissão de poluentes, à semelhança do que já existe noutras cidades europeias. “Eu e o presidente da câmara tropeçámos numa notícia que dizia que todas as cidades alemãs iam introduzir este conceito”, contou Nunes da Silva.
Autocarro velho não entraO controlo das entradas na Baixa deverá ser feito através de operações stop, embora mais tarde possa ser criado um sistema de “selos verdes” para os carros. Se a inspecção de veí-culos funcionasse em condições, o problema das emissões de partículas poluentes em excesso nem sequer se punha, referiu ainda o vereador. A Carris também não vai poder continuar a ter as viaturas mais antigas na Baixa, admitiu, acrescentando que a frota da empresa tem muitas viaturas cumpridoras das novas exigências.
Nunes da Silva falava numa conferência de imprensa destinada a fazer o balanço da pavimentação de ruas em 2010 e a anunciar as intervenções previstas para 2011. Ficou a saber-se que 44 dos 204 arruamentos que deviam ter sido reparados no ano passado ficaram por arranjar, embora em contrapartida tivessem sido intervencionadas 20 artérias que não estavam programadas. O surgimento de imprevistos e o atraso no desbloqueamento das verbas do orçamento camarário de 2010 foram as razões invocadas pelo vereador para o sucedido.
Em 2011, o autarca espera gastar 7,5 milhões de euros a tapar mais buracos e a pavimentar mais ruas, e mais milhão e meio para reparar canalizações no subsolo. A Câmara de Lisboa vai escolher duas ruas para testar a eficácia de duas novas massas asfálticas para tapar buracos, uma de fabrico norte-americano e outra de origem holandesa.
Tapar buracos é um segredo bem guardadoO aroma não tem comparação com o dos famosos pastéis de Belém, mas o segredo que rodeia a sua receita é semelhante. As empresas que se especializaram no fabrico das massas de nova geração não gostam de revelar a composição exacta dos betumes que produzem para tapar os buracos das ruas, por uma questão de concorrência. Resultado? Muitas vezes, as câmaras e outros organismos públicos compram gato por lebre.
É para lançar alguma luz no obscuro universo dos buracos das estradas que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) tem em curso uma investigação financiada pelas Estradas de Portugal, destinado a testar os diferentes produtos existentes no mercado. “Como não sabemos qual é exactamente a sua composição, temos de fazer ensaios para avaliar o desempenho destas massas”, diz a investigadora responsável pelo projecto, Maria de Lurdes Antunes. “Até agora, existe apenas um conhecimento empírico de quem as usou no terreno”.
A especialista explica que estes betumes modificados, ou emulsões betuminosas, têm apenas cerca de uma década de existência. Os seus fabricantes prometem todos o que os seus antecessores não conseguiam garantir: a aderência da massa ao buraco mesmo em condições de humidade. “É um tipo de material muito específico e muito mais caro do que o habitualmente usado”, prossegue Lurdes Antunes. Inclui betume, que é um derivado do petróleo, misturado com cimento ou pedras de dimensões variáveis, e ainda um emulsionante que faz esta massa endurecer depois de aplicada. O alcatrão é produto que já não pode ser usado, por ser altamente cancerígeno.
Não é só a composição do produto que determina a sua aderência e durabilidade, frisa a investigadora. Se a sua aplicação não for a mais correcta isso pode comprometer tudo. Por outro lado, o LNEC já percebeu que o problema de algumas destas massas se relaciona com a sua embalagem, que, não sendo suficientemente estanque, permite a entrada do ar e portanto o seu endurecimento.
Notícia actualizada às 22h20