Colecção “raríssima” do séc. XVIII de peixes do Brasil encontrada na Universidade de Coimbra

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Os peixes foram conservados através de uma técnica rara, afirma Paulo Gama da Mota Museu de Ciência da Universidade de Coimbra

“Estas peças são de um valor e de um e significado absolutamente extraordinário”, considera o director do Museu da Ciência da UC, Paulo Gama Mota.

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“Estas peças são de um valor e de um e significado absolutamente extraordinário”, considera o director do Museu da Ciência da UC, Paulo Gama Mota.

As peças, que Paula Gama Mota classifica de “belíssimas” e que estão “num óptimo estado”, foram conservadas através de uma técnica rara: “Podemos chamar-lhe quase uma espécie de herbário de peixe: em vez de plantas, são peixes que estão montados e secos em cima de folhas de papel”, descreve o professor universitário da UC.

De acordo a UC, os 68 exemplares de peixes serão oriundos do antigo Real Museu da Ajuda, ou Gabinete Real da Ajuda, para onde terão sido encaminhadas todas as peças que foram recolhidas na expedição filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, uma expedição na bacia do Amazonas que terá sido encomendada pela Casal Real portuguesa e que se prolongou durante quase dez anos, entre 1783 e 1792.

As peças recolhidas por Alexandre Rodrigues Ferreira, que vão de artefactos de etnografia das tribos índias da amazónia a colecções de material botânico e zoológico sofreram, no entanto, várias vicissitudes ao longo dos anos: foram dispersas por várias instituições, uma parte significativa foi levada para Paris durante as invasões francesas, outra parte foi destruída no incêndio que deflagrou no Museu Bocage.

De acordo com o museólogo Pedro Casaleiro, que foi o responsável por esta descoberta, no arquivo do Museu Bocage existe mesmo o registo de uma “uma importante remessa de espécimes do Real Museu da Ajuda para a UC, datada de 1806, grande parte deles com origem na viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira”, refere numa nota do Museu da Ciência.

Parte do espólio, que esteve fechado e esquecido durante décadas, será apresentado publicamente na próxima quarta-feira e o director do Museu da Ciência tem já planos para uma exposição dedicada à colecção agora descoberta. “Estas peças vão-nos permitir saber mais coisas. Em primeiro lugar, sobre os peixes atlânticos que existiam naquela altura naquela zona do globo. Depois, vamos conseguir estudar melhor o próprio trabalho de recolha do Alexandre Rodrigues Ferreira, que foi o responsável pela maior expedição naturalista portuguesa”, afirma Paulo Gama Mota.