Acordo para novo governo na Tunísia

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Zohra Bensemra/Reuters

O anúncio foi feito por um dirigente da oposição e confirmado, pouco depois, na televisão pelo primeiro-ministro cessante, Mohammed Ghannouchi.

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O anúncio foi feito por um dirigente da oposição e confirmado, pouco depois, na televisão pelo primeiro-ministro cessante, Mohammed Ghannouchi.

Maya Jribi, secretário-geral do Partido Democrático Progressista (PDP), o mais radical da oposição permitida pelo anterior governo, disse à AFP que o próximo executivo será formado por representantes do movimento Ettajdid, do PDP, da Frente Democrática para o Trabalho e as Liberdades (FDTL) e por personalidades independentes. As forças próximas do anterior Governo serão afastadas do futuro executivo, acrecentou.

Os três partidos que deverão integrar o futuro executivo pediram também uma amnistia geral para todos os presos políticos.

“As próximas eleições serão vigiadas por um comité independente e por observadores internacionais, para que sejam livres e transparentes”, referiu ainda Maya Jribi.

O novo governo resulta dos contactos que, domingo, o primeiro-ministro cessante, Mohammed Ghannouchi, encarregado pelo Presidente interino de liderar o processo de formação de um governo provisório, manteve com os partidos com existência legal e elementos da sociedade civil. Dessas conversas foram excluídos os interditos Partido Comunista dos Trabalhadores da Tunísia e os islamistas do Ennahdha

Rached Ghannouchi, chefe do Ennhadha, proibido pela ditadura, anunciou desde o exílio, em Londres, que vai voltar para a Tunísia para se envolver no processo, embora sem nenhuma garantia de que tal venha a acontecer.

Na cidade de Regueb, no centro-oeste do país, o Exército interrompeu a marcha e obrigou à dispersão de uma manifestação de cerca de 1500 pessoas, que reclamavam uma “verdadeira mudança política” no país. “Não estamos revoltados com a formação de um governo de união, mas não pode ser só com a oposição de papelão”, explicou à AFP um sindicalista que participava na marcha.

Situação volátil

A situação permanece volátil em Tunes, onde o Exército tunisino atacou domingo à noite o palácio presidencial, onde se encontravam fiéis do ex-Presidente, Ben Ali, segundo fonte da segurança do país.


Depois de um amanhecer calmo e de uma tarde marcada por confrontos em algumas zonas, ao princípio da noite, quando entrou em vigor o recolher obrigatório, o silêncio caiu sobre a noite da capital. Mas pouco depois forças militares especiais envolveram-se em trocas de tiros com forças da segurança de Ben Ali, junto ao palácio presidencial.

Um dos confrontos da tarde de domingo ocorreu entre forças de segurança e homens armados que se encontravam no telhado de um edifício junto do Banco Central, que ao princípio da noite chegou ao fim. Nas trocas de tiros da tarde entre milícias armadas e forças regulares foram mortos dois franco-atiradores, segundo informação prestada à televisão estatal por um oficial do Exército.

Fontes militares indicaram à Reuters que por detrás da violência de ontem estavam grupos de apoiantes do Presidente exilado Ben Ali, muitos deles ligados ao ministério do Interior e a facções dentro da polícia. O ex-chefe da Segurança, leal ao ditador tunisino, foi detido e acusado de estar a semear o caos e a violência.

Um diplomata francês, que falou à AFP sob anonimato, confirmou que eram homens leais a Ben Ali que circulavam em caravanas de automóveis, disparando indiscriminadamente e semeando o pânico.

Muitos dos alvos de saques e vandalismo nos últimos dois dias estão, por outro lado, associados ao ex-Presidente e à sua família alargada, que detém participações em supermercados e outros estabelecimentos comerciais.