JP Simões: o mais português dos artistas portugueses
JP Simões é um bocado como o tio preferido da família: não vai aos almoços de Domingo durante meio ano, e um dia, sem aviso, lá aparece para alegria da miudagem, cheio de histórias para contar. Da última vez que apareceu trazia histórias mais desgarradas do que o costume: "Boato", o último disco em nome próprio, era uma mistura de disco ao vivo de temas já editados, com canções nunca antes lançadas. Cada tema era muito bom, mas o formato era desequilibrado. Agora ele volta com o primeiro disco "a sério" desde "1970", obra-prima de análise geracional e social estruturada em samba-canção. Como não podia deixar de ser, Simões não facilita a vida aos fãs e o disco, "Onde Mora o Mundo", não será um prolongamento de "1970". É, sim, um retorno às parcerias, que com ele costumam ser proveitosas. Neste caso, o companheiro de armas foi o guitarrista Afonso Pais. "Acho que quem nos apresentou foi o Sérgio Costa [habitual 'compagnon de route' de Simões]", explica o compositor, "porque sabia que apesar de o Afonso vir do jazz temos imensos gostos em comum". Entenda-se: a bossa, particularmente "Jobim e Edu Lobo, que aliás já gravou com o Afonso". Segundo Simões, Alexandre "andava com vontade de fazer canções", pelo que fizeram um simples acordo: "Ele compunha e eu escrevia. Mas acabou por ser um disco de parceria: eu compus um tema, ele fez um instrumental, eu dei umas ideias nuns arranjos".A assegurar a secção rítmica estão dois monstrinhos da música portuguesa, Alexandre Frazão e Caros Barreto. "É engraçado porque com eles as coisas nunca são fixas", reflecte Simões. "Um samba nunca é um samba, um rock nunca é um rock, criam ritmos muito deles", o que, aventa, acaba por ser uma boa definição para o disco: "Este disco não tem muito de brasileiro, tirando uma marcha que eu compus".
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JP Simões é um bocado como o tio preferido da família: não vai aos almoços de Domingo durante meio ano, e um dia, sem aviso, lá aparece para alegria da miudagem, cheio de histórias para contar. Da última vez que apareceu trazia histórias mais desgarradas do que o costume: "Boato", o último disco em nome próprio, era uma mistura de disco ao vivo de temas já editados, com canções nunca antes lançadas. Cada tema era muito bom, mas o formato era desequilibrado. Agora ele volta com o primeiro disco "a sério" desde "1970", obra-prima de análise geracional e social estruturada em samba-canção. Como não podia deixar de ser, Simões não facilita a vida aos fãs e o disco, "Onde Mora o Mundo", não será um prolongamento de "1970". É, sim, um retorno às parcerias, que com ele costumam ser proveitosas. Neste caso, o companheiro de armas foi o guitarrista Afonso Pais. "Acho que quem nos apresentou foi o Sérgio Costa [habitual 'compagnon de route' de Simões]", explica o compositor, "porque sabia que apesar de o Afonso vir do jazz temos imensos gostos em comum". Entenda-se: a bossa, particularmente "Jobim e Edu Lobo, que aliás já gravou com o Afonso". Segundo Simões, Alexandre "andava com vontade de fazer canções", pelo que fizeram um simples acordo: "Ele compunha e eu escrevia. Mas acabou por ser um disco de parceria: eu compus um tema, ele fez um instrumental, eu dei umas ideias nuns arranjos".A assegurar a secção rítmica estão dois monstrinhos da música portuguesa, Alexandre Frazão e Caros Barreto. "É engraçado porque com eles as coisas nunca são fixas", reflecte Simões. "Um samba nunca é um samba, um rock nunca é um rock, criam ritmos muito deles", o que, aventa, acaba por ser uma boa definição para o disco: "Este disco não tem muito de brasileiro, tirando uma marcha que eu compus".
Com o seu habitual optimismo, Simões prenuncia já um grande êxito comercial (como aliás acontece com todos os seus discos): "O disco é de tal modo um híbrido de tantas coisas que eu temo que vá passar ao lado das pessoas". Por via das dúvidas, já tem outro pronto, que quer lançar este ano - como de costume, as probabilidades de isto acontecer são ínfimas e o mais certo é só surgir no ano que vem. Funcionará como sequela de "1970" e inclui temas que vêm da abortada ""pera do Falhado" que, criminosamente, continua por editar. Pelo meio ainda haverá "cinco ou seis concertos" dos Belle Chase Hotel, que resolveram criar um novo tipo de nostalgia: "Inaugurámos o auto-revivalismo", avança Simões, como quem diz "Se não nos querem, queremo-nos nós". Hoje Simões actua na Galeria Zé dos Bois, com a companhia de Afonso Pais, Sérgio Costa e Rui Alves, mas não se esperem canções de "Onde Mora o Mundo". Em compensação, esperem canções do próximo disco, o que ainda está na gaveta. Confusos? É o mais português dos artistas portugueses.