Stéphane Peterhansel: “Há 20 anos era possível perder quatro horas no deserto”
Passados 20 anos, quase tudo é diferente. Desde logo a mudança de cenário: após o cancelamento da edição de 2008, por razões de segurança, o rali corre-se na América do Sul pelo terceiro ano. “A história do Dakar começou em África, mas depois deixou de ser possível. Pessoalmente, gostei de começar [a participar no Dakar] em África, claro. Mas também gosto agora na América do Sul. São paisagens novas, o percurso é muito técnico e as pessoas têm uma mentalidade diferente, são muito hospitaleiras”, confessou Stéphane Peterhansel em conversa com o PÚBLICO durante uma passagem recente por Lisboa.
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Passados 20 anos, quase tudo é diferente. Desde logo a mudança de cenário: após o cancelamento da edição de 2008, por razões de segurança, o rali corre-se na América do Sul pelo terceiro ano. “A história do Dakar começou em África, mas depois deixou de ser possível. Pessoalmente, gostei de começar [a participar no Dakar] em África, claro. Mas também gosto agora na América do Sul. São paisagens novas, o percurso é muito técnico e as pessoas têm uma mentalidade diferente, são muito hospitaleiras”, confessou Stéphane Peterhansel em conversa com o PÚBLICO durante uma passagem recente por Lisboa.
“Era mais aventura”“Muitas coisas mudaram relativamente há 20 anos. Quando ganhei o meu primeiro Dakar foi sem GPS. Era muito complicado encontrar o caminho. Há 20 anos [o Dakar] era mais uma aventura, era possível perder duas, três ou quatro horas no deserto. Agora é como uma corrida de velocidade. É possível sair da estrada, mas é impossível andar perdido durante três horas. Há tecnologias como o GPS, sistemas como o IriTrack (com satélite). É completamente diferente”, acrescenta o piloto francês, vencedor do Dakar pela última vez em 2007.
Mas as dificuldades não se ficavam apenas pela navegação: “Era também mais complicado montar bivaque, às vezes passávamos uma semana sem tomar banho porque o bivaque ficava no meio do nada e tínhamos apenas uma garrafa de água para limpar o corpo. Era mais uma aventura, agora é completamente diferente. Mas o espírito continua, é uma corrida muito difícil e longa. É preciso ser forte”, recorda Peterhansel ao PÚBLICO.
“Claro, eu também estou mais velho. Tenho mais experiência mas perdi um pouco de desempenho físico. Quando somos novos somos muito fortes. Agora se quiser manter o mesmo nível preciso de treinar a dobrar”, vincou o piloto francês, que parte para o Dakar com aspirações à vitória. “Se o carro for rápido e fiável temos hipóteses”, diz o principal nome da X-raid, equipa semioficial da BMW que integra o português Ricardo Leal dos Santos (ver texto nestas páginas).
Duelo BMW-VolkswagenA grande rival da BMW na luta pelo triunfo no Dakar será a Volkswagen. “É uma equipa muito forte, mas nós na BMW temos muita experiência e queremos dar luta”, frisa Peterhansel. Aos dois últimos vencedores (Carlos Sainz, em 2010, e Giniel de Villiers, em 2009), a Volkswagen junta Nasser Al-Attiyah (segundo classificado no ano passado) e Mark Miller (segundo em 2009 e terceiro em 2010).
Sainz promete uma abordagem cautelosa: “Comparando com as etapas em África, a variedade de pisos é o que mais me impressiona. Mal sabemos o que esperar, uma vez que a organização só divulgou alguns detalhes”, disse o piloto espanhol.Na luta pelos primeiros lugares da classificação final, os pilotos semioficiais Robby Gordon (em Hummer) e Nani Roma (vencedor em moto na edição de 2004, em Nissan) são também candidatos a ter em conta.
Independentemente dos nomes dos rivais, Stéphane Peterhansel não tem dúvidas quanto à estratégia a aplicar: “O Dakar é uma corrida longa. É preciso puxar logo de início para não deixar os adversários ganharem tempo. Creio que a nossa estratégia vai ser começar ao ataque. Depois vemos qual é o plano”.