Rainer Werner Fassbinder por Rainer Werner Fassbinder

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"Nenhum indivíduo que seja prisioneiro de uma ideologia exterior a si mesmo poderá gostar dos meus filmes. Eu faço filmes para pessoas que pensam para além dos esquemas pré-fabricados. Os outros vêem-nos e detestam-nos porque não percebem isso." Era assim que Rainer Werner Fassbinder explicava o seu cinema, e as permanentes acusações de misoginia, fascismo, aburguesamento e ridicularização dos homossexuais.

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"Nenhum indivíduo que seja prisioneiro de uma ideologia exterior a si mesmo poderá gostar dos meus filmes. Eu faço filmes para pessoas que pensam para além dos esquemas pré-fabricados. Os outros vêem-nos e detestam-nos porque não percebem isso." Era assim que Rainer Werner Fassbinder explicava o seu cinema, e as permanentes acusações de misoginia, fascismo, aburguesamento e ridicularização dos homossexuais.

A frase foi dita numa entrevista publicada na revista "Cineaste", no Outono de 1977, e está incluída num livro que reúne 30 entrevistas do realizador alemão a Robert Fischer, da primeira à última. Editado pela G3J, chama-se, apropriadamente, "Fassbinder Par Lui-Même. Entretiens" e traça a filmografia completa do realizador de "Berlim Alexanderplatz", "Querelle" ou "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant".

Figura fundamental do cinema do pós-guerra, Fassbinder construiu uma linguagem que incomodou a sociedade alemã em reconstrução, escusando-se a contribuir para uma qualquer normalização. "Para mim o único ponto de vista possível consiste em mostrar a vítima com as suas qualidades e defeitos, a sua força e as suas fraquezas, os seus erros", disse na entrevista já citada.

Se as entrevistas agora compiladas servem para conhecer Fassbinder melhor, não se sabe. Ele próprio tinha dúvidas: "Há uma honestidade de facto honesta, uma honestidade quase honesta, uma honestidade semi-honesta, uma honestidade quase desonesta, e a mentira começa, somente, depois. Nunca conto a verdade. Mas nunca minto realmente".