BE acusa Cavaco de ter dado "resposta habilidosa" ao dizer que nunca comprou ou vendeu nada do BPN
Na terça-feira à noite, depois de um debate televisivo para as eleições presidenciais, onde teve como adversário o candidato do PCP, Francisco Lopes, Cavaco Silva disse nunca ter tido “nada a ver com o caso BPN” e que esse é um caso “entregue à Justiça”.
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Na terça-feira à noite, depois de um debate televisivo para as eleições presidenciais, onde teve como adversário o candidato do PCP, Francisco Lopes, Cavaco Silva disse nunca ter tido “nada a ver com o caso BPN” e que esse é um caso “entregue à Justiça”.
“Nunca trabalhei no BPN, nunca comprei nem vendi nada do BPN, nunca recebi qualquer remuneração do BPN, é um caso de Justiça e o Presidente da República não deve interferir nos processos judiciais”, afirmou o chefe de Estado e candidato presidencial.
Em declarações à agência Lusa, o deputado do BE João Semedo referiu que estas declarações repetem “‘ipsis verbis’ o comunicado do presidente Cavaco Silva em Novembro de 2008” e são “uma resposta manhosa”.
“Nem Cavaco Silva, nem nenhum outro português comprou ou vendeu nada do BPN, todas as acções do BPN eram da SLN e 100 por cento do capital do BPN era da SLN”, notou.
O que o actual presidente e candidato “comprou e vendeu, e que ele próprio confirmou”, precisou João Semedo, “foi a única coisa que como investidor podia ter comprado e vendido, acções da SLN”.
“Em dois anos teve mais-valias na ordem dos 140 por cento, comprou as ações, ele e a sua filha, por um euro e vendeu-as por 2,4 euros”, referiu, acrescentando que Cavaco possuía “105.378 acções e obteve uma mais-valia de 147,5 mil euros”.
O deputado bloquista assinalou que, “não sendo uma sociedade cotada em bolsa”, na SLN era “o jogo da oferta e da procura que regula o preço”, que por sua vez era “regulado pela administração”.
“Você, investidor, compra-nos tanto, daqui a ‘xis’ tempo vende-nos e nós damos-lhe tanto de mais-valia”, exemplificou.
Semedo, deputado do BE na comissão de inquérito ao caso BPN, disse nunca ter visto o contrato de Cavaco Silva com o banco, considerando que seria “interessante saber se as acções compradas e posteriormente vendidas” pelo actual Presidente da República foram sujeitas ao direito de preferência dos restantes accionistas.
Acusando Cavaco Silva de ter dado uma “resposta habilidosa” no final do debate, o deputado do BE considerou contudo que já não há “motivo para mais nenhuma discussão parlamentar” sobre o caso.
“O que é importante sublinhar é que Cavaco Silva pretende enganar-nos com a verdade, é uma resposta manhosa, porque a verdade é que Cavaco Silva beneficiou deste sistema pouco transparente de compra e venda de acções”, concluiu.