Ministra da Saúde defende necessidade da Igreja “esclarecer a sua posição” sobre o preservativo
“Neste dia mundial, era importante que a Igreja esclarecesse qual a sua posição”, disse Ana Jorge, na apresentação do livro “Crónicas de um vírus”, lançado pela associação Abraço, em Lisboa.
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“Neste dia mundial, era importante que a Igreja esclarecesse qual a sua posição”, disse Ana Jorge, na apresentação do livro “Crónicas de um vírus”, lançado pela associação Abraço, em Lisboa.
A governante disse fazer “todo o sentido” que “todas as pessoas que são marcantes numa sociedade, como o líder da Igreja Católica,” abordem o assunto. “Para isso é que se fazem estes dias, para chamar a atenção, para que pessoas que são imagens públicas possam alertar a comunidade em geral para este problema”, afirmou, sublinhando que uma posição esclarecedora do Papa é uma “ajuda grande” na luta contra a sida.
Num livro de entrevistas publicado em Itália no mês passado, Bento XVI admitiu que o preservativo possa ser utilizado em determinadas situações como forma de combate à propagação do vírus da sida. No livro ("Luz do Mundo"), o Sumo Pontífice mantém que não considera o preservativo "uma solução verdadeira e moral", mas admite a sua utilização em casos concretos: "Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana."
Na sequência das reacções às palavras do Papa, o porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, salientou posteriormente que Bento XVI “não quis tomar posição sobre a questão do uso do preservativo em geral”, mas antes “sublinhar que o problema da sida não pode ser resolvido através da distribuição de preservativos”. Lombardi reconheceu, no entanto, que apesar de outros teólogos e eclesiásticos terem já defendido posições semelhantes, “até agora nunca tínhamos ouvido isto com tanta clareza vindo da boca de um Papa, ainda que de forma informal e não oficial”.
Ana Jorge defende reforço da prevençãoOntem, confrontada com declarações da presidente da Abraço, Margarida Martins, segundo a qual a associação recebe cada vez mais pessoas infectadas, a ministra da Saúde declarou que “os números podem ser sempre trabalhados de forma diferente”. Segundo Ana Jorge, embora o número de novos casos esteja a descer, essa evolução não significa “que os que existam não possam procurar mais ajuda”.
Para a ministra, os dois grandes desafios no combate à doença são continuar a reforçar a prevenção e os cuidados a ter pelos cidadãos, já que, como as terapêuticas são mais eficazes e se morre menos de sida, “perdeu-se o medo do contágio”.
Por outro lado, apontou, há que apostar no diagnóstico precoce, simples e possível de realizar em muitos locais.
As vendas do livro “Crónicas de um Vírus”, sobre o aparecimento e a evolução do VIH/Sida entre 1930 e 2010, revertem a favor das crianças apoiadas pela Abraço.