Portugal desmente que esteja a ser pressionado para pedir ajuda

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José Sócrates e Teixeira dos Santos Foto: Daniel Rocha

Um porta-voz do Governo disse às agências internacionais que “desmente qualquer pressão” do Banco Central Europeu e de vários países da zona euro para solicitar ajuda financeira ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do FMI, que foram noticiadas hoje pelo jornal Financial Times Deustschland.

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Um porta-voz do Governo disse às agências internacionais que “desmente qualquer pressão” do Banco Central Europeu e de vários países da zona euro para solicitar ajuda financeira ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do FMI, que foram noticiadas hoje pelo jornal Financial Times Deustschland.

O mesmo responsável português classificou como “totalmente falsas” aquelas afirmações, divulgadas por aquele jornal com base em fontes não identificadas.

O Financial Times Deustschland escreve que o BCE e a maioria dos países da zona euro estão a pressionar Portugal para pedir ajuda da União Europeia, que é concedida através do FEEF e do FMI. Este fundo foi criado em Maio, no apogeu da crise da dívida pública que tinha então epicentro na situação da Grécia, e já serviu para financiar este país e, agora, também a Irlanda.

No entanto, um porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Bertrand Benoit, negou que Berlim esteja a pressionar Portugal e disse mesmo, citado pela agência Lusa, que o Governo alemão não vê necessidade de que isso venha a acontecer.

Da parte da Comissão Europeia, a reacção foi menos enfática: “Não estamos ao corrente dessas pressões por parte de outros países”, disse à agência Lusa o porta-voz comunitário da Economia e Assuntos Monetários, Altafaj Tardio.

Espanha também mencionada

O Financial Times Deustschland diz também que, se Portugal utilizar o fundo europeu, “isso pode ser bom para Espanha, porque este país está muito exposto a Portugal”, citando uma fonte não identificada do Ministério das Finanças da Alemanha.

A Espanha tem aparecido como uma situação cada vez mais central dos mercados de crédito e dos países da zona euro, pois as taxas de juro da sua dívida têm subido fortemente nos mercados secundários, apesar de estarem ainda a níveis substancialmente inferiores aos das dos outros países com problemas. Nos últimos dias a taxa a dez anos superou sucessivos máximos desde o início do euro, tendo passado mesmo o limiar psicológico dos cinco por cento, que é o valor médio de juros pagos pelos países que aceita a ajuda do FEEF e do FMI, continuando hoje a subir e a aproximar-se dos 5,3 por cento. Para Portugal, estão acima do limiar dos sete por cento, na Irlanda acima dos nove e na Grécia cima de 12.

A ajuda externa a Portugal tem estado a ser dada como cada vez mais inevitável pelos analistas citados na comunicação social, e recentemente a questão começou a pôr-se em relação a Espanha. No entanto, num inquérito da agência Reuters junto a 50 economistas (não se diz de onde…), só quatro acreditavam que a Espanha acabaria por pedir ajuda. Em relação a Portugal, 34 dos 50 analistas consultados por esta agência de informação acreditavam que o país terá de pedir ajuda.

A questão de fundo em relação ao caso espanhol é que a dotação conjunta do FEEF e do FMI para ajudar estados da zona euro em dificuldade é de 750 mil milhões de euros, e não se sabe se ela chagará para cobrir as necessidades deste país, que tem a quarta maior economia da zona euro, depois das ajudas à Grécia, Irlanda e Portugal, que estão estimadas em cerca de 260 mil milhões de euros no total.

Notícia actualizada às 10h30