Espanha repudia pressões sobre Portugal
Segundo a edição de hoje do Financial Times Deutscheland, uma maioria de países da zona euro e o próprio Banco Central Europeu teriam contactado o Executivo português e abordado esta possibilidade para evitar um mais oneroso resgate a Espanha, dada a exposição da economia espanhola à portuguesa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Segundo a edição de hoje do Financial Times Deutscheland, uma maioria de países da zona euro e o próprio Banco Central Europeu teriam contactado o Executivo português e abordado esta possibilidade para evitar um mais oneroso resgate a Espanha, dada a exposição da economia espanhola à portuguesa.
“Claro que repudiamos essa tese e as alegadas pressões”, disse, ao PÚBLICO, fonte governamental espanhola. Em Madrid, a notícia do Financial Times Deutscheland foi recebida com incomodidade. Não só porque se trata da repetição do modus operandi da última Primavera, com um primeiro recurso à imprensa, que levou, posteriormente à adopção em Maio passado de programas de austeridade em Espanha e Portugal. “Os mercados reagem ao segundo, mas as decisões europeias são mais demoradas”, constata a mesma fonte.
A incomodidade tem um segundo motivo. O encadeamento de factos sugerido pelo jornal alemão põe em causa a vontade reformista do gabinete de José Luís Rodriguez Zapatero. Dos pacotes de reformas anunciados, o que está mais avançado é o da revisão das leis laborais, embora falte ainda a regulamentação dos decisivos acordos colectivos.
Mais atrasada está a alteração do sistema de pensões, do aumento da idade de reforma para os 67 anos à mudança dos cálculos. Este programa, de que um esboço foi enviado antes do Verão para Bruxelas, deveria estar concluído no final deste ano. Contudo, a remodelação governamental, na sequência da greve geral de 29 de Setembro, levou ao estabelecimento de um novo calendário que aponta para Março do próximo ano. Em principio, o Governo espanhol pretende um acordo político com o Partido Popular, a principal força da oposição. No entanto, perante esta impossibilidade, o Executivo socialista de Zapatero admite, agora, recorrer à aprovação por maioria simples no Parlamento, ou seja, “a solo” ou com os apoios minoritários de que dispõe.
O pacote reformista contempla, por fim, a reformulação do mapa bancário, nomeadamente o saneamento e fusão das Caixas de Poupança. Estas entidades, que representam cerca de 50 por cento do sistema financeiro espanhol, foram as mais expostas à crise imobiliária. Existe um fundo de 11 mil milhões de euros para a recuperação e, segundo fontes do mercado, na compra das “Cajas” estão interessadas entidades financeiras de Espanha e estrangeiras, bem como fundos de investimento. Pelo que, asseguram as mesmas fontes, o processo será concluído em breve e com êxito.